Sem o sonhado ouro olímpico, a Seleção Brasileira está ficando sem
grandes perspectivas e gerando a desconfiança da própria torcida
Por: Eduardo Madeira Junior
Lauro Müller/SC
Oribe Peralta foi o carrasco da vez (London 2012) |
A medalha de prata conquistada pelo futebol masculino no último sábado acrescentou
demais ao quadro de medalhas e ao histórico olímpico do Brasil, ainda assim,
foi um resultado pra lá de indigesto para os comandados de Mano Menezes. Eles,
assim como o país todo, esperavam uma medalha de ouro nos Jogos de Londres.
Como não é segredo para ninguém, a Seleção Canarinho parou em um “time
Peralta”.
Não podemos afirmar que todo processo passado até agora está dando
errado, assim como é impossível dizer que estamos no rumo certo. Para
exemplificar, nos caminhos em direção do hexa, o Brasil acabou encontrando uma
rota alternativa, porém, desconhecida. Não foi uma escolha, mas sim uma
consequência. É um caminho tortuoso e com destino indefinido. Basicamente,
estão perdidos.
Mano Menezes já não se sente seguro em suas decisões. Durante os Jogos
Olímpicos mostrou ter dúvidas quanto ao goleiro titular e ainda sentiu o golpe
das críticas por levar Hulk como um dos “+23”. O meia-atacante do Porto saiu do
banco de reservas nas partidas mais importantes da campanha. Além disso, no
duelo diante do México, Mano parecia mais preocupado em reclamar da arbitragem
do que consertar seu time. Essa intranquilidade foi passada para os jogadores,
claramente vista na marcante discussão entre Juan Jesus e Rafael no 2º tempo de
jogo.
Não consigo afirmar que a troca de comando na seleção é uma
possibilidade real. Se Ricardo Teixeira ainda fosse o presidente, eu diria que
essa chance era mínima, mas com José Maria Marín a história é outra. O novo
chefão do futebol brasileiro parece estar curtindo a oportunidade de presidir a
Confederação Brasileira de Futebol e levando tudo “com a barriga”. Marín
desconversa demais e deixa enormes dúvidas quanto sua posição em muitas
questões.
Passando das atitudes do presidente, chegamos à parte mais técnica e a
que todos adoram palpitar: se Mano sair, vem quem? Uns falam de Muricy Ramalho,
outros já querem o retorno de Luiz Felipe Scolari ou uma aposta em Tite,
enquanto o resto sonha com Josep Guardiola. Tirando a última opção, alguém acha
mesmo que a mudança de técnico mudaria muito? Claro que não!
Mano Menezes chegou com a proposta de impor um jogo mais técnico e
ofensivo, tentando resgatar o antigo futebol arte. Está nítido que ele ainda
não atingiu este objetivo, aliás, falta muito para chegar lá e se Felipão e,
principalmente, Muricy assumirem a Seleção, nunca vão concluir esse projeto.
O toque de bola, habilidade e ofensividade pregada – mas não executada –
por Mano Menezes seriam trocadas por marcação, conservadorismo e dependência
das jogadas de bola parada. É muito mais do que uma mudança, é um retrocesso, é
sair de 2012 e suas bolas modernas e cheias de efeitos para retornar ao tempo
onde se jogava com a vintage.
Antes que digam que sou defensor ferrenho de Mano Menezes, venho dizer
que também desgosto de seu trabalho. Entendo que ele se perdeu em determinados
momentos, principalmente no período pré e pós Copa América, entendo também que
essa renovação está forçada demais – o time extremamente jovem contrasta com o
veterano elenco de 2010 – e que tem defeitos técnicos como escalar mal, mexer
de forma pior e ainda não conseguir dar consistência a equipe, que em diversos
jogos consegue fazer quinze ou vinte minutos bons, mas cair completamente no
restante da peleja. Falta um algo mais ou “alguém” a mais, um atleta que não
seja um vovô em seu andador, mas que também não seja um bebê que nem deixou as
fraldas.
Não valerá a pena demiti-lo para trazer um treinador que vai mudar toda
linha de pensamento levantada nos últimos anos. Além do mais, você acha mesmo
que as convocações seriam diferentes? Dá pra contar nos dedos quantos atletas
brasileiros estão fora da Seleção, mas que mereciam estar lá, ainda assim,
esses nomes seriam coadjuvantes. A “nata” está ali: Neymar, Oscar, Damião e por
aí vai.
Querendo ou não, entre os diversos motivos que podemos levantar para uma
eventual demissão de Mano Menezes, devemos ser realistas e ter a noção de que
“trocar por trocar” não vai adiantar em nada. Mantê-lo é uma estagnação, mas
tirá-lo é retroceder.
A “rota alternativa” que entramos agora pode nos levar a lugar nenhum,
mas talvez seja melhor do que voltar e recomeçar o trajeto.
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