Cleyton Santos
Especial
Daquele jovem, que começou a carreira no Lençoense (jogou pouco tempo, mas jogou) e que, logo na sequência foi para o Palmeiras, que começava a se montar como um esquadrão.
Especial
Ontem, Marcos parou. Parou por que não aguentava mais. O corpo pesava e a idade chegava cada vez mais.
Suas intermináveis lesões o faziam ficar fora dos gramados por muito tempo. Seis meses, oito meses, um ano. De 2005 pra cá, foram diversas. Marcos foi guerreiro de jogar mais seis anos no gol do Palmeiras.
Longe de mim comparar ele e Rogério Ceni, seu “rival de muro”, mas ao mesmo tempo, seu amigo, principalmente em uma certa Copa do Mundo, em 2002. Mas eles têm trajetórias extremamente parecidas (vieram do interior, jogaram por pouco tempo em times menores e já foram direto para o clubes aonde solidificaram carreira), com o diferencial de quê um sofreu constantemente com lesões e o outro não. Mas ambos são mitos.
Marcos escreveu com letra de ouro sua história no Palmeiras e na Seleção Brasileira. Muitos falam (quase toda a torcida do Palmeiras, claro) que sua defesa mais importante foi contra o Corinthians, na semifinal de uma Copa Libertadores. Discordo.
A maior defesa (futebolisticamente falando) foi uma cobrança de falta de Neuville, que ele pulou e conseguiu dar um tapa na bola, que ainda bateu na trave (foto ao lado). Santa trave, também, que fez com que a Alemanha não abrisse o placar…Mas a maior defesa de todas foi a que ele fez ontem.
No meio de tanta emoção que ali existiam no CT do Palmeiras (do lado de fora, protesto; do lado de dentro, apreensão e expectativa), Marcos preferiu o silêncio.
Ele sabia que, muito provavelmente, ele não conseguiria falar pra todos os jornalistas, repórteres, setoristas, enfim…que ele estava se aposentando. Afinal de contas, ele era um dos jogadores que teve melhor relacionamento com a imprensa que o adorava, além de que, todos ali sabiam que era complicado pra ele.
Marcos era muito querido em todos os cantos. Todas as torcidas viam nele um jogador sincero, que como bem li, em diversas reportagens e especiais, “não sabia fazer marketing, e que, no final esse era o marketing dele.”
Exaltava o grupo quando vencia, se cobrava quando ele errava (e confessava pra todo mundo ouvir). Cobrava publicamente todo mundo, se necessário (ainda me lembro de suas declarações após o 6 a 0 que o time sofreu do Coritiba; no final, parece que as declarações deram certo: O Palmeiras ganhou a partida de volta).
Poderia muito bem ir embora após o rebaixamento do time no mesmo ano do penta, mas ficou. Teve um proposta irrecusável do Arsenal, que estava desesperado pra substituir David Seaman, em decadência após o jogo das quartas de final da Copa, justamente contra o Brasil.
Marcos disse não a proposta irrecusável, talvez porque irrecusável pra ele era ser feliz, e ele sentia que em Highbury, ele não teria toda a felicidade que teve nos arredores da Rua Turiassú.
Deixou que o anúncio fosse feito por seu antigo colega e atual diretor de futebol César Sampaio, que eu me lembro bem, foi um dos poucos que soube encarar com tranquilidade a aposentadoria, em 2004, pelo São Paulo.
Tranquilidade. É disso que Marcos vai fazer uso pelos próximos dois meses. Ele merece.
Um dos maiores goleiros da história do Palmeiras. Um dos maiores goleiros do futebol brasileiro. Um dos melhores do mundo? Sim, ao menos durante o tempo que não sofreu lesões graves (leia-se 1999 a 2002).
Marcos Roberto Silveira Reis. Um goleiro que levantava as mãos pro céu pedindo benção. E elas pairavam sobre suas mãos, que lhe deixava fazer milagres.
Te cuida, Marcão. Só saiba que não é apenas a torcida do Palmeiras que te adora; é a torcida brasileira que gritava toda vez que você operava um ‘milagre’:
SÃO MARCOS!
Que bom ! O milagre brasileiro tem agora um Santo no futebol, que bom kkkkkkk !!!!
ResponderExcluirGostei de sua coluna !!!