A
hipocrisia reina! Os mesmos que defendem a ideia de que o jogador deve ter
“amor a camisa” e esnobar o dinheiro dos outros clubes, são os mesmos que
querem ver esses jogadores em grandes clubes, que não só lutam por títulos, mas
que tem muita grana no bolso...
Por Eduardo M. Júnior
Lauro Müller/SC
Futebol Europeu Online
Ídolo do Colônia, Podolski é cobiçado por várias equipes. Foto: Andreas Pohl. |
Existem diversos casos de
clubes sem relação alguma com o atleta. Esse me parece ser o caso atual de
Lukas Podolski.
O seu pai, Waldemar Podolski
– ex-jogador de futebol – chegou na Alemanha em 1987 e se mudou para Bergheim,
cidade próxima a Colônia. Poldi começou jovenzinho no time da cidade,
o 07 Bergheim. Em 1995, já com 10 anos, ele se juntou ao Colônia, onde
começaria a escrever uma bela história!
Com apenas 18 anos, Podolski
foi convidado por Marcel Koller, então técnico do Colônia a treinar entre os profissionais
da equipe. No início de novembro de 2003, o garoto que viria de Gleiwitz na
Polônia, assinava seu primeiro contrato profissional. Logo em sua primeira
temporada nos Bodes, Poldi anotaria 10 gols em 19 jogos. Em 41
anos, nenhum atleta de 18 anos de idade havia conseguido números parecidos.
Porém, Podolski não foi capaz de evitar o rebaixamento do Colônia, que terminou
na lanterninha da Bundesliga, com míseros 23 pontos.
Isso não foi problema pro
tradicional time alemão, que acabou vencendo a 2.Bundesliga com sobras. Poldi foi
o artilheiro do torneio com 24 gols. Porém, o “efeito iô-iô” bateu no Colônia e
na temporada que retornava a elite nacional, terminava na penúltima colocação e
novamente era rebaixado. Podolski repetiu a dose e foi o grande nome do time,
com 12 gols.
Para alçar vôos mais altos,
o atacante se transferiu para o Bayern de Munich, mas não decolou. A
expectativa foi muito grande, mas as lesões e a desconfiança que o então
técnico bávaro, Jurgen Klinsmann tinha em cima dele atrapalharam bastante. Em
2008, torcedores do Colônia se mobilizaram para trazer o ídolo de volta.
Campanhas na internet foram organizadas e alguns até se proporam a ajudar o
clube a pagar a multa rescisória do atacante com o Bayern.
Não foi bem por esse caminho
que a negociação andou, mas o fato foi que em janeiro de 2009, Lukas Podolski
anunciou que retornaria ao clube que lhe formou, o Colônia. Não foram
torcedores que pagaram (risos), mas sim um grupo de investidores que ajudaram
os Bodes na negociação.
Poldi não recomeçou bem
no clube formador, mas na última temporada engrenou e mostrou o porque de ser o
principal nome do time. É evidente que Podolski tem uma relação especial com o
clube Colônia e com a cidade também. Pelo contrário, não deixaria o Bayern para
voltar aos Bodes. Poderia até sair do time bávaro, mas continuaria em
clubes de grande porte.
Seu contrato com o Colônia
acaba em 2013 e obviamente existem times de olho em seu futebol. E o Colônia é
quem fica em uma saia justa. Faz de tudo para manter o cara ou vende e fatura
uma boa grana?
Torcedor fantasiado como Hennes, bode mascote do Colônia. "Podolski nunca deve ir embora", diz ele. Foto: DAPD. |
Há muitos cochichos. Uns
falam de clubes ingleses, outros de times italianos e outros falam até de times
alemães… Mas a verdade é que poucos consideram a possibilidade dele ficar no
clube. A desconsideração com o tema se deve ao fato de que o Colônia só anda
lutando contra o rebaixamento na Bundesliga e Podolski não pode expor todo seu
potencial. Não nego, isso é verdade. Mas que tal o atacante tomar uma postura
diferente e tentar reerguer o clube?
Não precisa ser um
dirigente, mas poderia muito bem se unir a diretoria e a comissão técnica,
ajudar, dar dicas de jogadores, de mudanças de atitudes, estruturais, enfim,
tentar mostrar o porque de ser o líder do time. Muitas vezes, os jogadores de
futebol precisam mostrar que são figuras que transcendem a imagem que deixam
dentro de campo e também necessitam criar uma imagem fora dele. Poldi
poderia ser o pioneiro e recolocar o Colônia em posições mais dignas e
condizentes com a sua história.
Só que para isto acontecer,
o Colônia precisa ter uma diretoria fixa. Wolfgang Overath, presidente desde
2004, renunciou no final de 2011 e o clube é comandado pelos conselheiros desde
então.
Mesmo assim, nado contra a
corrente e peço para que Podolski fique no Colônia! O clube está uma bagunça,
sem presidente, com alguns problemas financeiros e sem grandes perspectivas na
temporada, mas Poldi poderia mostrar amor a camisa e ficar no clube
que o revelou. Motivos pessoais ele tem – se formou como jogador por lá, se
casou na cidade -, basta ver o que o clube ganha o mantendo. Penso eu que não
pode “manter por manter”, tem de haver um planejamento descente, fazendo com
que Podolski não seja o único com olhos na terra de cegos.
Aliás, tenho um pensamento
meio “basqueteiro” quanto a isso. Quando Chris Bosh e LeBron James se juntaram
a Dwyane Wade no Miami Heat, eles foram criticados por nada mais, nada menos
que Michael Jordan. O maior jogador de basquete de todos os tempos não gostou
disto, ele achava que os craques não podem ficar juntos no mesmo time. Eu
concordo com ele! Precisa haver uma espécie de “equilíbrio” entre os grandes
nomes, eles precisam ser rivais e não parceiros. O que seria da NBA antigamente
sem os duelos Jordan vs. Magic Johnson? É mais ou menos isso que penso no
esporte bretão.
Mas é claro, devo
relativizar um pouco. Embora ambos sejam esportes coletivos, no basquete, nos
últimos segundos, a bola vai pro principal jogador do time se virar e decidir a
peleja. Mas no futebol, já vimos muitos zé-ninguéns decidirem campeonatos. Ou
seja, a coletividade no basquete vai até um determinado ponto que acaba
transformando o esporte em algo individual, no futebol não. A coletividade vai
quase ao extremo.
Eu prefiro ver Podolski
contra Reus-Götze ou contra Robbéry, do que ao lado de uma dessas duplas.
Seria sensacional, é verdade, mas pensem bem, o campeonato ficaria mais
polarizado, nem os times mais fracos teriam um atleta do qual se orgulhar.
Passa ano, entra ano e Podolski está lá curtindo o famoso Carnaval de Colônia. Foto: DADP. |
Agora, vamos ver para qual
lado da moeda cairá a frase que disse em 2006. Seu slogan, “Este é o futebol!
Às vezes, as melhores vitórias do homem”, participou do Prêmio Cultura Alemã de
Futebol na categoria slogan do ano. As “melhores vitórias” podem ser qualquer
coisa. Algo pessoal, como esnobar toda ganância alheia e ficar no clube que
ama, ou então ser a pura e simples conquista de um título.
A escolha está nas mãos da
diretoria do Colônia e principalmente, nas mãos de Poldi!
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