R10 não vale o quanto pesa

Após 1 ano, o investimento feito em Ronaldinho Gaúcho mostra-se incoerente e improdutivo.

Daniel Junior – @dcostajunior
Rio de Janeiro/RJ

Uol Esporte/Futebol

Quando um personagem, ainda vivo, é essencialmente referido e mostrado em flashbacks, de duas, uma: está inativo da sua profissão ou está prestes a desvencilhar-se da mesma nos próximos dias. Logo, as matérias e pautas jornalísticas tratam de providenciar a saudade no coração da audiência.


Ronaldinho Gaúcho, ex-Traffic e quase ex-jogador, quase sempre está associado aos seus momentos mágicos no Barcelona, onde, quase fez chover. Sob uma condição física impecável, raciocínio velocíssimo e habilidade inquestionável.

Se bem, que tenho ressalvas quando o assunto é Barcelona, porque vi brilhar com a camisa espanhola, não só o R10 ,como Romário, Rivaldo, Giovanni... Chego a desconfiar que exista uma magia naquele uniforme.

Ronaldo, custará aos cofres do empregador Flamengo, 1 milhão e 250 mil reais. Não o jogador do Barça, o mágico, “a foca”. O que custará, integralmente, aos cofres rubro-negros, essa dinheirama, é o jogador cuja conjuntivite lhe é patologia impeditiva na manhã e incentivo para o pagode à tarde; é o atleta que possui regalias e abusa das mesmas mais do que aqueles que não possuem; é o camarada que, segundo os colegas de imprensa, derrubou Luxemburgo com torpedos e telefonemas para presidenta. Sobretudo, o jogador milionário que hoje enverga a camisa do Flamengo, é um mediano meio campista, que ora brilha, ora se esconde, como um atleta qualquer, sem importância técnica, vestindo a camisa de um time sem tradição.

Mesmo que estivesse voando, o Flamengo aposta muito no passado de Ronaldo, com pouquíssimos dividendos no presente. Nem o próprio R10 espera que seja uma lembrança aguda do que fez em campos franceses e espanhóis. A lua-de-mel com a torcida parece mais um namoro que acabou, mas que “mata saudades de vez em quando” (se é que você me entende). O discurso apaziguador do papai Joel, embora seja repassado ao público com uma dose de simpatia (e folclore), rima bem com o total amadorismo com a qual o Flamengo lida com seus assuntos, na base de um positivismo sem qualquer esforço de ser profissional.

Enquanto isso, no mesmo elenco, Deivid, o centro-avante que mais sofreu na boca da torcida rubro-negra ano passado (e algumas vezes, merecidamente), tem 19 meses de “direito de imagem” não pagos pelo clube. São as contradições de um clube poderosamente iludido.