O que falta a Espanha?
Podendo
conquistar o bi-campeonato europeu, a Espanha apresenta um jogo vistoso, mas,
que ainda assim, não empolga ao grande público.
Por: Eduardo Madeira Junior
Futebol Europeu Online
Lauro Müller/SC
Pela segunda vez seguida na final da UEFA Euro e
atual campeã continental e mundial, a Espanha, ainda assim, não consegue
empolgar a nação futebolística. Uns dizem que é um time chato e sonolento,
outros já são mais diretos e dizem que a Fúria é uma cópia
mal-feita do Barcelona. Alguns são mais radicais e já dizem que a Espanha “não
é nada disso”.
Qual seria o motivo de tamanha dúvida quanto a um
time que pode conquistar o terceiro título seguido? Listei abaixo algumas
suspeitas. Leia e tire suas conclusões.
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Posicionamento
Na seleção, Iniesta atua pelos flancos |
O Barcelona atua num 4-3-3, com Busquets, Xavi e
Iniesta formando o meio-campo. Já a Espanha, de Del Bosque, atua num esquema
parecido, um 4-3-3 que varia para um 4-2-3-1, mas que mexe no posicionamento do
trio citado acima. Busquets e Xavi atuam juntos, mas tendo a companhia de Xabi
Alonso, do rival Real Madrid. Já Iniesta é “forçado” a atuar pelas beiradas do
campo e mais avançado. Acostumado a trabalhar a bola para os homens de frente blaugranas,
o camisa 6 espanhol tem missão diferente pelas laterais. Na maioria das vezes,
ele pega a bola dentro da área, onde o espaço para trabalhar uma jogada é menor
e a finalização se torna, muitas vezes, obrigatória.
A saída de Xabi Alonso para a entrada de um
ponteiro, como Navas ou Pedro, seria uma boa saída. Mas vale à pena abrir mão
do volante madridista? Penso que não. Alonso me agrada bastante e, para mim, é
um jogador quase completo para a função que desempenha. Claro que é um preço
alto a se pagar, mas Del Bosque tem de encontrar a melhor forma de encaixar
tudo que tem de melhor no time.
·
Centro-Avante
A ausência do contundido David Villa deixou Vicente
Del Bosque em uma sinuca de bico. O atacante do Barcelona era o ponto de
objetividade da equipe, com ele não tinha vez, era o “matador” do time. Sem
Villa, o comandante campeão do mundo precisou buscar uma nova opção para o
ataque, mas ainda não encontrou a ideal.
Fernando Torres consagrou-se como um dos maiores
atacantes do planeta há quatro anos, ao marcar o gol do título europeu, mas
hoje, se vê como uma das grandes piadas da história do futebol. Contratado a
peso de ouro pelo Chelsea, El Niño não repete as atuações dos
tempos de Liverpool e não passa confiança para Del Bosque. Fernando Llorente,
que seria a normal segunda opção após Torres, estranhamente não é utilizado
pelo selecionador espanhol e ainda vê Álvaro Negredo receber mais
oportunidades.
Em meio esse acúmulo de dúvidas e incertezas, Del
Bosque aposta em Fàbregas na função. Acostumado a jogar na faixa central, Cesc demonstra
enormes dificuldades para ser o centro-avante do time. Porém, sem alternativa
melhor, foi o titular em quase toda competição.
Fàbregas tem sido a solução de Del Bosque para a "camisa 9" |
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Objetividade
É estranho, mas a Espanha, segunda seleção que mais
finalizou na Eurocopa – 49 vezes -, é criticada por muitos pela falta de
objetividade. É uma crítica plausível até a página dois.
Sim, muitas vezes, falta um “cabeçudo” pra pegar a
bola na entrada da área e finalizar em gol. Sim, os espanhóis parecem seguir a
regra do golaço e que só vale chutar da pequena área. Sim, a Espanha dá a
impressão de não ter a objetividade do Barcelona. E sim, o toque de bola da Fúria é
maçante, enjoado e cadenciado além da conta.
Porém, é esse mesmo time que com a posse de bola,
ao mesmo tempo em que busca o ataque, evita que o adversário o agrida. É desse
time também que saem algumas jogadas geniais, muitas vezes dos pés de jogadores
como Iniesta e Xavi. E como foi dito antes, a Espanha foi a segunda seleção que
mais finalizou na Eurocopa, perdendo apenas para a Itália. A Fúria também
tem o segundo melhor ataque do torneio, com oito gols. Ou seja, é uma crítica
plausível, mas que não me parece definidora de tudo.
·
Inveja
Para muitos, o futebol apresentado pela Espanha é
“bonito”. Eu entendo como uma prática vistosa, leve, mas que não me enche os
olhos. Mas para muitos, as críticas levantadas nos últimos tópicos –
principalmente no último ponto – são multiplicadas e transformadas em duras e
injustas palavras, denegrindo todo o trabalho feito pela Espanha.
Isso não tem outro nome: inveja. Como não estou
aqui para falar de sentimentos de uns e outros, por algo completamente indireto
ao jogo, nem me esticarei nesse ponto.
O fato é que este time, mesmo com esses “defeitos”
citados anteriormente, pode se tornar a primeira seleção na história a
conquistar duas Eurocopas com uma Copa do Mundo no meio. Essa é a Espanha, que
com o passar dos anos vai ganhando cancha para se fixar na história do futebol.
*Crédito das imagens: Getty Images
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