Na sua penúltima vitória na Fórmula 1, o piloto teve a honra de conquistar a centésima vitória brasileira na categoria nas ruas de Valência
Por Leandro Gomes
Rio de Janeiro/ RJ
Rubens Barrichello foi o vencedor do GP da Europa, disputado em Valência, em 2009. Foto: Getty Images. |
Travado e nada propício a ultrapassagens — nem mesmo com
a ajuda do KERS, da asa móvel ou dos pneus malucos da Pirelli — o circuito de
Valência nunca pegou no gosto dos fãs da Fórmula 1 e até mesmo de seus pilotos.
Desde sua entrada no calendário da Fórmula 1, em 2008, não houve uma corrida
realmente empolgante. Porém, é verdade que tal traçado foi testemunha de um
fato importante: a 100ª vitória de um brasileiro na categoria, feito
conquistado por Rubens Barrichello em 2009.
Na ocasião, a corrida era a 11ª da temporada. Barrichello,
na quarta posição no campeonato, tinha uma missão dura: além de tentar
descontar uma diferença de 26 pontos para o líder e companheiro de equipe
Jenson Button na classificação geral, tentava retomar a vice-liderança da
tabela, perdida para Mark Webber e Sebastian Vettel, que tiravam proveito do
crescimento da Red Bull em contraste com a queda da Brawn. O brasileiro
precisava reagir rápido, de preferência conquistando logo sua primeira vitória
em 2009.
Rubens começou bem a missão: na qualificação, conseguiu a
terceira posição, atrás das McLarens de Lewis Hamilton e Heikki Kovalainen, mas
a frente de todos os seus principais concorrentes no campeonato. Na largada, o
ex-piloto da Ferrari manteve a posição conquistada nos treinos. A partir daí,
tudo começou a dar certo para ele.
Ambas as McLarens abriram uma boa vantagem para
Barrichello no começo da prova, mas ela começou a se esfarelar a partir do
momento em que Hamilton e seu companheiro de equipe foram fazer suas paradas.
Com pista livre e tanque de combustível quase vazio, o piloto da Brawn começou
a virar muito rápido na pista. Após algumas voltas, o resultado apareceu:
depois de parar pela primeira vez nos pits, o brasileiro já se encontrava na
segunda posição, tendo ultrapassado Kovalainen nos boxes.
As boas notícias não paravam por aí: enquanto Button, mal
na prova, lutava para entrar na zona de pontuação, Webber estava fora desta e
Vettel havia abandonado, com problemas no motor. Tudo poderia melhorar ainda
mais, mas isso não seria fácil; afinal, teria de superar o veloz Hamilton no
travado circuito de Valência.
Porém, ao mesmo tempo em que lutava para alcançar o
inglês, a sorte começou a sorrir para o brasileiro. A McLaren pediu a Lewis não
forçar muito, pois seus freios não estavam em condição normal. Para piorar, a
equipe inglesa não fez um bom pit stop e prendeu Hamilton nos boxes por mais
tempo que o necessário, fazendo-o perder um bom tempo. Barrichello aproveitou a
situação, conseguiu voltas incrivelmente voadoras tanto tentando caçar Hamilton
quanto com pista livre, e ultrapassou seu concorrente ao fazer sua segunda
parada nos boxes, voltando à pista com uma vantagem até mesmo confortável.
Sem diminuir o ritmo, Barrichello recebeu a bandeirada e teve
a honra de se tornar o brasileiro a conquistar a 100ª vitória de seu país na
Fórmula 1. Além disso, quebrou o jejum de cinco anos de vencer e pôde
homenagear o amigo Felipe Massa, que havia se acidentado nos treinos do GP da
Hungria semanas antes. E tudo deu realmente certo no fim de semana: com Webber
terminando fora dos pontos e Button chegando apenas em sétimo, Rubens retomou a
vice-liderança e viu a diferença para seu companheiro de equipe cair de 26 para
18 pontos. Ela ainda era grande, mas dado que Barrichello começava a reagir
enquanto o inglês estava em má fase, tudo era possível.
Barrichello sempre foi um piloto muito irregular na
Fórmula 1: era capaz de obter uma das melhores performances de sua carreira num
fim de semana e passar pela corrida seguinte de forma totalmente apagada. Isso
lhe prejudicou em muito em 2009, quando teve um ótimo carro em mãos mas não
soube aproveitar a oportunidade. Porém, a vitória no GP de Valência, assim como
a conquistada na Itália semanas depois, provou como o brasileiro era muito
difícil de ser batido quando estava num bom dia.
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