Por que torcer para a França na Euro 2012?
Acostumados
a odiar os Bleus desde 98, brasileiros deveriam dar uma chance à
Laurent Blanc e cia
Vinicius Carvalhosa
Rio de Janeiro/RJ
Franceses fizeram o suficiente para vencer. Foto: AP |
Laurent
Blanc. Sim, estou dando a resposta para a pergunta do título já na
primeira sentença. Assistindo ao jogo da França contra a Ucrânia – atuação apenas suficiente para bater os donos da casa – me
convenci de que a os Bleus merecem respeito. E torcida.
Os
brasileiros estão acostumados a odiar a França desde a fatídica
Copa de 1998. Alguns acreditam que foi armada para a vitória
francesa, mas vá lá. Nunca saberemos, e o time deles realmente
jogou muito bem pelo o que meu eu de então 10 anos de idade lembra.
Ódio
sem sentido à parte, Blanc merece. Além de ter sido um grande
zagueiro (não é qualquer um que joga por times como Barcelona,
Inter de Milão e Manchester United), sempre muito técnico e
elegante em campo, recebendo o merecido apelido de Le Président por
sua liderança. Já conquistou bons resultados em seus poucos anos
como treinador. Desde 2007 na profissão, ele logo guiou o Bordeaux
ao título francês de 2008-09 – encerrando a sequência de sete
troféus seguidos do Lyon de Juninho Pernambucano.
Assumiu
a Seleção Francesa logo após a tumultada Copa de 2010, quando não
passaram da primeira fase e tiveram diversos problemas entre
jogadores e o técnico Raymond Domenech. Após suspender todos os 23
que fizeram parte do elenco que foi à África do Sul, Blanc perdeu
seu primeiro compromisso pela Seleção para a Noruega. Depois, se
recuperou e conquistou vitórias imponentes contra Inglaterra, Brasil
e Alemanha. Venceu com tranquilidade seu grupo nas Eliminatórias
para a Euro 2012.
Vitória sobre o Brasil é um dos pontos altos da Era Blanc. Foto: AFP |
Tudo
isso com um material humano que já não é o mesmo. Se jogou ao lado
de craques como Zidane, Desailly, Djorkaeff e Petit, o ex-zagueiro
agora já não tem tanta gente de qualidade para montar o
selecionado. Lloris é um goleiro mais do que seguro, é verdade. Mas
o resto da defesa nem tanto. Méxes sempre foi irregular – embora
um dia tenha sido grande promessa nos tempos de Auxerre. Debuchy é
inexperiente em jogos internacionais. Evra está velho. Rami vem
sendo presença constante desde que Le Président assumiu os Bleus.
No
meio, a lesão do promissor M'Villa obrigou Blanc a recorrer ao
veterano Alou Diarra (não é nenhum dos dois do Real Madrid). Cabaye
tem qualidade, sem dúvida, mas ainda também é pouco experimentado
internacionalmente. Malouda e Ménez não são mais os mesmos, e toda
a armação da equipe cabe a Ribéry e Nasri – e, na minha opinião,
ambos são um tanto quanto irregulares, embora sejam capazes de
desequilibrar, principalmente o primeiro.
O
ataque depende do desacreditado Benzema, que mostrou ser capaz de
servir muito bem os companheiros na vitória sobre a Ucrânia e tem
facilidade em marcar gols pela Seleção Francesa. As opções no
banco para todas as posições, porém, são pouco confiáveis.
Cabaye se mostrou um volante confiável. Foto: Reuters |
Ainda
assim, Blanc consegue fazer com que a equipe seja respeitada. O time
sabe como jogar e pode dar muito trabalho para os favoritos Espanha e
Alemanha. Em campo, o ex-zagueiro sempre soube como se fazer
respeitar, e vem passando isso para seus comandados.
Com
contrato apenas até a Euro, a Federação local se recusou a
renová-lo antes da competição. Vem sendo assediado por clubes
europeus pela capacidade que mostrou ao comandar uma França que saiu
da última Copa totalmente em frangalhos para retomar o caminho ao
topo. Uma eliminação na primeira fase - embora improvável, é
possível – seria desastrosa. Provavelmente o contrato não seria
renovado e deixaríamos de saber até onde ele pode levar a Seleção.
E
eu confesso que gostaria de ver o que Blanc consegue fazer com o que tem.
Nenhum comentário:
Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!
Comentários anônimos não serão mais aceitos.