Vôlei feminino em Londres está marcado pelo equilíbrio entre as favoritas, mas EUA chegam como favoritos
Vinicius Carvalhosa
Rio de Janeiro/RJ
Norte-americanas são novamente favoritas. Foto: FIVB |
O
Grupo A está mais tranquilo, com Itália, Japão e Rússia bastante
à frente das outras três rivais, República Dominicana, Argélia e
Grã-Bretanha. Já o Grupo B têm cinco equipes com condições de
avançar de fase, mas são apenas quatro vagas. Entre Brasil, China,
EUA, Sérvia, Turquia e Coreia do Sul, as coreanas disparam como
favoritas à lanterna, enquanto sérvias e turcas devem brigar pela
quarta posição.
Brasil:
o sonho do bi olímpico é difícil, mas não impossível
Assim
como na competição masculina, o vôlei brasileiro feminino também
caiu na chave mais difícil dos Jogos Olímpicos. As comandadas de
José Roberto Guimarães defendem o título, mas não são favoritas.
Com idades variando entre 32 anos (a líbero Fabi) e 23 (a ponta
Natália), a renovação não veio da maneira desejada, e a equipe
ainda depende muito de remanescentes do título de Pequim, como a
ponteira Jaqueline, a oposto Sheilla e as centrais Thaísa e Fabiana.
A jovem Natália é uma grande esperança, mas vem de lesão e seu
status físico é incerto. Fernanda Garay é outra cara relativamente
nova no elenco que já tem grande importância. O corte de Mari nas
vésperas das Olimpíadas, porém, foi estranho e pode ter causado
algum mal-estar no elenco. A ausência de uma levantadora confiável
é outro problema.
A falta de renovação e o desgaste do elenco ficaram visíveis no ciclo olímpico, com apenas um título relevante – o Grand Prix de 2009. Nas três edições seguintes, foram três pratas perdendo em todas para os EUA na decisão. Nada animador, ainda mais com as ianques no mesmo grupo em Londres. O vice também veio no Mundial de 2010, mas para outra algoz frequente, a Rússia. Para piorar, na Copa do Mundo de 2011 o resultado foi apenas o quinto lugar.
Sheilla e Jaque ainda são as destaques. Foto: Divulgação |
Perder
para as temidas americanas pode abalar a moral brasileira no torneio,
mas nada que ameace a classificação para as quartas de final. Como
segundo do grupo, o Brasil deve encarar o Japão nas quartas,
adversário inferior. Porém, nas semis a situação complica, e
avançar é difícil, mas não impossível. Não dá para prever
nada, mas é provável que a Seleção Brasileira termina em uma
posição entre o 1º e o 4º lugares.
Convocadas:
Levantadoras
– Dani Lins (SESI) e Fernanda (Iqtisadchi-AZE)
Opostos
– Sheilla (Rio de Janeiro) e Tandara (Osasco)
Ponteiras
– Natália (Osasco), Fê Garay (Volei Futuro), Paula (Volei Futuro)
e Jaqueline (Osasco)
Centrais
– Fabiana (Fenerbahçe-TUR), Adenízia (Osasco) e Thaísa (Osasco)
Líbero
– Fabi (Rio de Janeiro)
O
resto do Grupo B: EUA disparam e três brigam por mais duas vagas
EUA:
Favoritas ao título, as norte-americanas são também favoritas,
naturalmente, ao primeiro lugar do grupo. Os EUA venceram os três
últimos Grand Prix, e possuem jogadoras experientes como a oposto
Destinee Hooker, a central Danielle Scott-Arruda e a ponteira Logan
Tom, as principais destaques do elenco. A central Foluke Akinradewo e
a levantadora Lindsey Berg também não podem ser desprezadas. A
líbero Nicole Davis e a oposto reserva Tayyba Haneef-Park possuem
experiência olímpica. Como desfalque, a líbero Stacy Sykora, que
sofreu traumatismo cranioencefálico após um acidente com o ônibus
de seu time, o Volei Futuro, em Osasco, e ainda não se recuperou
totalmente. De qualquer maneira, é um elenco muito forte e tem tudo
para confirmar o favoritismo em Londres.
China:
Você ainda deve se lembrar de como as chinesas foram dominantes na
primeira metade da década de 2000. Levaram o ouro olímpico em
Atenas-2004, o título da Copa do Mundo de 2003, o quarto lugar no
Mundial de 2002... mas aos poucos foram caindo e não passaram de um
bronze em casa, em Pequim-2008. Ainda assim, se mantiveram entre as
melhores do mundo, e são a número 3 do ranking hoje – atrás
apenas de EUA e Brasil, adversárias na chave. Com uma equipe jovem,
o time sonha em repetir o bronze, mas é muito difícil. A
levantadora Wei Qiuyue tem apenas 23 anos, mas já é uma das craques
da equipe e esteve na última edição das Olimpíadas. A líbero
Xian Zhang pode ser considerada uma das veteranas do elenco, apesar
de ter apenas 27 anos. A central Junjing Yang, de 23 anos, é outra
das jovens talentosas da China. As centrais Ma Yunwen e Xu Yunli e a
ponteira Wang Yimei são as únicas outras que também estiveram em
Pequim. A tendência é que o time avance em terceiro e encare uma
pedreira como Rússia ou Itália na fase seguinte – e aí termina a
participação chinesa em Londres.
Sérvia:
A Sérvia vai brigar com a Turquia pelo posto de quarta força do
grupo, mas a princípio leva vantagem. Se o grupo já era difícil, a
situação ficou mais complicada ainda com a lesão da ponta Jelena
Nikolic, capitã do time. Sem ela, a responsabilidade cai sobre as
outras jogadoras importantes, como a levantadora Bojana Zivkovic, a
central Stefana Veljkovic e a ponteira Sanja Malagurski. Como deve
brigar pela quarta posição, pegaria a primeira colocada do outro
grupo, e dificilmente passa das quartas.
Turquia:
Comandada pelo brasileiro Marco Aurélio Motta, a Turquia é uma
equipe jovem e que vem surpreendendo recentemente no cenário
internacional. Bronze no último Grand Prix, as turcas são lideradas
em quadra pela oposto Neslihan Darnel, pela central Neriman Oszoy e
pela levantadora Özge Çenberci. A briga pela quarta vaga com a
Sérvia será dura.
Coreia
do Sul: As sul-coreanas são
disparadas as favoritas à lanterna do grupo. Sem a mesma força de
antes, a esperança é conseguir surpreender Sérvia e Turquia, mas
ainda assim é muito difícil. A principal jogadora é a ponta
Yeon-Koung Kim, auxiliada pela oposto Youn-Joo Hwang.
O
Grupo A: briga também pela última vaga
Rússia:
Prata em Sidney-2000 e Atenas-2004, a Rússia é sempre favorita. Mas
a verdade é que os resultados recentes da equipe feminina não são
animadoras. Fora o ouro no Mundial de 2010, as russas pouco
conseguiram no último ciclo olímpico - apenas um pódio no Grand
Prix, com a prata em 2009. Foram decepções nos três seguintes, com
a ausência nos eventos de 2010 e 2012 pelas más colocações no
Campeonato Europeu (amargaram apenas a sexta posição em 2009 e
2011), e o quarto lugar em 2011. Naturalmente, a geração encabeçada
pela gigante Ekaterina Gamova e por Liubov Sokolova já está
envelhecida, mas as duas são as últimas remanescentes. Novos
talentos surgiram – especialmente a ponteira Tatiana Kosheleva e a
central Maria Borisenko. Porém, a nova geração não parece ter a
mesma força da anterior. Ainda assim, não dá para descartar as
russas da briga por medalhas, até mesmo pelo ouro.
Sokolova e Gamova têm muita experiência. Foto: FIVB |
Itália:
Outra equipe que nunca pode ser considerada fora do baralho é a
Itália, que cresceu bastante no vôlei feminino durante a década de
2000 comandada pela ponta Francesca Piccinini. A musa italiana estará
presente em Londres, acompanhada de suas fiéis escudeiras, a
levantadora Eleonora Lo Bianco, a ponteira Carolina Costagrande e a
central Simona Gioli. Apesar da experiência e talento da squadra
azzurra, ainda não conquistaram grandes feitos a nível
internacional. Nas Olimpíadas ficaram com o quinto lugar em Atenas e
Pequim. No Mundial foram campeãs em 2002, mas depois ficaram em
quarto em 2006 e quinto em 2010. Na Copa do Mundo, os principais
títulos recentes, ouro tanto em 2007 quanto em 2011. Mas no Grand
Prix não passaram do bronze em 2006, 2007, 2008 e 2010. Falta aquele
passo a mais, subir um degrau. E essa pode ser a última chance da
geração, que está levando a jovem ponta Caterina Bosetti, de
apenas 18 anos, para começar a ganhar experiência e comandar o
futuro italiano.
Piccinini é a musa do vôlei feminino. Foto: FIVB |
Japão:
As japonesas não devem ter problemas para avançar para as quartas
de final, embora sejam inferiores à Rússia e Itália. O recente
bronze no Mundial de 2010 pode ter dado alguma moral às jogadoras,
que formam um time razoavelmente jovem. As destaques são a
levantadora Yoshie Takeshita e a central Erika Araki, enquanto a
oposto Maiko Kano é a grande revelação do grupo e pode brilhar em
Londres.
República
Dominicana: As dominicanas surgiram para o mundo com o ouro no
Pan-Americano de 2003, que sediaram em Santo Domingo. Foram um bronze
na Copa dos Campeões de 2009, não chegaram mais perto do pódio em
uma grande competição. Comandadas pelo técnico brasileiro Marcos
Kwiek, dependem bastante do talento das pontas Milagros Cabral e
Bethania de la Cruz. Como caíram em um grupo fácil, tem totais
consições de passar de fase ficando à frente de Grã-Bretanha e
Argélia.
Grã-Bretanha:
O programa de vôlei da Grã-Bretanha só foi retomado em 2006, um
ano após serem escolhidos como sede dos Jogos Olímpicos de 2012.
Antes, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte
competiam separadamente, mas a FIVB permitiu a junção para as
Olimpíadas. Capitão do time, a ponta Lynne Beattie é uma das
principais jogadoras britânicas, ao lado da líbero Maria Bertelli e
da jovem ponta Savanah Leaf, que joga no basquete universitário
americano pela Universidade de Miami (FL). Outra promessa que joga na
NCAA é a central Lizzie Reid, atleta da Universidade da Geórgia.
Com o apoio da torcida, a Grã-Bretanha pode ter chance de bater a
República Dominicana e se classificar para as quartas.
Argélia:
A Argélia estreou nas Olimpíadas em 2008, quando ficou com o 11º
lugar. Agora, apostam em uma equipe bastante jovem para jogar em
Londres, o que torna ainda mais difícil avançar de fase. Nada menos
do que sete jogadoras têm menos de 25 anos, incluindo a central
Dallal Merwa Achour e a ponteira Celia Bourihane, ambas com 17 anos.
Outro problema é a altura, já que apenas três atletas possuem mais
de 1,80m.
Nenhum comentário:
Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!
Comentários anônimos não serão mais aceitos.