Coragem e sorte marcaram a primeira vitória de Barrichello
Há quase 12 anos, Rubens Barrichello saía da 18ª posição no
grid de largada para vencer sua primeira corrida na Fórmula 1.
Por
Brunno Rodrigues
Ribeirão
Pires/SP
No
ano de 2000, as corridas na pista de Hockenheim ainda eram realizadas no
traçado antigo. Sem dúvidas, o novo traçado nem se compara ao charmoso e
desafiador circuito de 6,8km que contava com duas longas retas e que foi palco
de grandes disputas.
Naquele
mesmo ano, vimos uma das mais sensacionais atuações que pude testemunhar de um
piloto a bordo de um carro de Fórmula 1, e quem diria, o tão criticado Rubens
Barrichello foi o vencedor daquela corrida e em circunstâncias extremamente
adversas.
De
início, toda a equipe Ferrari estava pressionada ao desembarcar na Alemanha.
Michael Schumacher havia abandonado as duas últimas corridas e via sua
liderança tranquila ir desaparecendo no mundial de pilotos, com Mika
Häkkinen e David Coulthard se aproximando cada vez mais a bordo de suas McLarens.
Além disso, Rubens Barrichello também vinha sob pressão, uma vez que, não havia
conquistado a sua primeira vitória, mesmo após 10 etapas, enquanto via seu
companheiro de equipe no topo da tabela.
No
treino classificatório, uma falha mecânica na Ferrari de Rubens acabou com suas
pretensões de conseguir uma boa posição e o brasileiro cravou apenas o 18º
tempo e teve que largar no final do grid. Coulthard cravou a pole e Schumacher
fez o segundo melhor tempo.
Após
o warmup, Barrichello modificou todas
as configurações do seu carro e iniciou a corrida com um ajuste completamente
desconhecido.
Logo
na largada a pressão parecia aumentar ainda mais. Michael Schumacher errou feio
e abandou a terceira prova seguida. De quebra os principais adversários do
alemão pularam na frente com Häkkinen, após excelente largada, assumindo a
liderança e Coulthard na segunda posição. Parecia o fim do domínio da Ferrari e
de Schumacher no mundial daquele ano.
Enquanto
isso, vindo do fundo do grid, Barrichello pilotava de forma agressiva e fazia
brilhante corrida de recuperação. Já na primeira volta Rubens era o 10º
colocado e num ritmo alucinante, com menos combustível, cravando volta mais
rápida atrás de volta mais rápida, saltou para a terceira posição antes de
entrar pela primeira vez nos boxes, fazendo valer a escolha de sua estratégia.
Mesmo
com esse desempenho fora de série, seria impossível que Rubinho brigasse por
algo além de um pódio naquele final de semana, pois as duas McLarens haviam
disparado na ponta e tinham a estratégia de fazer apenas uma parada. Foi
justamente aí que a sorte começou a sorrir para Barrichello.
Na
26ª volta, um louco invadiu a pista provocando a entrada do Safety Car, desmontando estratégias,
aproximando os pilotos e colocando Rubens na disputa pela vitória. Algumas
voltas depois, em decorrência de um acidente, o Safety Car retornou à pista,
alimentando ainda mais a esperança do torcedor brasileiro e renovando as
chances de Rubinho.
Mas
o grande clímax veio com a chuva que resolveu chegar há pouco mais de 10 voltas
para o final da prova. Boa parte dos pilotos entrou nos boxes para colocar
pneus de chuva. Para surpresa dos mecânicos da equipe Ferrari, Barrichello
negou a orientação da equipe e resolveu arriscar continuar na pista com pneus de
pista seca, pulando para a liderança da prova. Além de Barrichello, outros três
pilotos arriscaram permanecer na pista: Coulthard, Frentzen e Zonta.
Com
forte chuva, Coulthard desistiu de sua arriscada estratégia, Frentzen abandou a
prova com problemas mecânicos e Zonta saiu da pista.
De
forma brilhante, Barrichello conseguiu permanecer na pista até o final da
prova, conseguindo assim sua primeira vitória na principal categoria do
automobilismo mundial.
Neste
dia, Rubinho quebrou um jejum de quase sete anos sem vitórias brasileiras na
Fórmula 1, sendo que o último a vencer tinha sido Ayrton Senna, no GP da
Austrália de 1993, além de ser o grande responsável pela manutenção de
Schumacher e da Ferrari na liderança do campeonato.
No
paddock a comemoração foi geral, e no pódio muito choro, emoção e
reconhecimento dos adversários, Häkkinen e Coulthard, que ergueram Barrichello
após o banho de champanhe.
Apesar
da sorte, sem dúvidas, este foi um dos grandes momentos do esporte a motor e
uma das mais fantásticas vitórias vistas na Fórmula 1.
Ótimo texto! Meu orgulho, parabéns =)
ResponderExcluirobrigado linda...
ExcluirRealmente um ótimo texto,e como não se emocionar ao lembrar desse inesquecível 30/07/2000,uma vitória vinda de uma maneira inesperada,dramática,com muita emoção.Rubens fez uma grande largada,beneficiado pelos acidentes entre Schumacher e Fisichella e com manobras arrojadas cruzou a primeira volta em 10º.
ExcluirUm a um Rubens foi escalando o pelotão rumo às primeiras posições,as Arrows de Jos Verstapen e Pedro de La Rosa,as Jaguars de Eddie Irvine e Johnny Herbert,e por fim as Jordans de Jarno Trulli e Heinz Harald Frentzen.Faltavam as McLarens,e após o início da chuva com muita ousadia e coragem decidiu se manter na pista,pois chovia na parte do estádio enquanto na parte da floresta continuava seco.
Após 45 voltas,7 anos e 124 corridas Rubens Barrichelo vence pela primeira vez na F1 de maneira heroica emocionando todo o Brasil e nos fazendo matar as saudades do hino nacional e do tema da vitória,que tinha sido tocado pela última vez no dia 06/11/1993 quando Ayrton Senna venceu pela última vez na despedida da McLaren.
grande marcelo!!! seu comentário ficou melhor que meu texto cara!! haha
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