Londres-2012: Basquete Masculino
Com os EUA e Espanha à frente, times como Brasil, Argentina, França, Lituânia e Rússia brigam pelo bronze
Vinicius Carvalhosa
Rio de Janeiro/RJ
EUA é mais favorito do que nunca. Foto: Divulgação |
Nunca
o Brasil chegou tão esperançoso a uma competição de basquete
masculino como em Londres-2012. Voltando à cena olímpica após três
edições ausentes, a Seleção Brasileira tem motivos para tal.
Claro que os Estados Unidos são mais favoritos do que nunca, e só
um desastre tira deles a medalha de ouro. A Espanha também parece um
degrau acima. Mas, junto com Rússia, França, Lituânia e Argentina,
a equipe canarinho tem totais condições de disputar uma medalha.
Brasil: quais os motivos de tanta esperança?
Desde
a chegada do treinador argentino Rubén Magnano, o Brasil atingiu
outro patamar no basquete internacional. Experiente pela conquista de
um ouro olímpico (Atenas-2004) e um vice mundial (Indianápolis-2002)
comandando seu país natal, Magnano trouxe a disciplina, organização
e defesa que faltava ao time brasileiro.
Somada
ao alto nível do técnico, nunca tivemos tantos jogadores de NBA na
equipe nacional. Nenê, Anderson Varejão e Tiago Splitter garantem a
qualidade no garrafão, enquanto Leandrinho contribui com as bolas de
três e a velocidade. O time ainda conta com Marcelinho Huertas, do
Barcelona, um dos melhores armadores em atuação na Europa, além de
Marquinhos, ala recém-contratado pelo Flamengo que tem talento para
jogar no basquete norte-americano e costuma ser o principal pontuador
tupiniquim.
Falta
um pouco de profundidade no banco, é verdade. Espera-se que o
americano naturalizado Larry Taylor seja sólido como reserva de
Huertas, enquanto Raulzinho vai para ganhar experiência para 2016.
Marcelinho Machado, Guilherme Giovannoni e Alex são rodados e
acostumados a vestir – e brilhar – a camisa verde e amarela. O
pivô Caio Torres pouco deve entrar em quadra.
Jogadores da NBA aumentam esperanças brasileiras. Foto: Inovafoto |
Seguindo
esse panorama, o Brasil tem grandes chances de brigar por medalha. O
Grupo B – com Espanha, Rússia, China, Austrália e Grã-Bretanha –
é bem tranquilo para avançar de fase como segundo ou terceiro
lugar, já que apenas a Espanha se sobressai e a Rússia é do mesmo
nível que os brazucas. Avançar nessas condições implicaria em
enfrentar Lituânia, França ou Argentina, provavelmente, nas quartas
de final, e o Brasil joga de igual para igual com todos eles. A
semifinal deve ser contra os EUA, e aí vem a eliminação, para
disputar medalha de bronze. De qualquer forma, a equipe brasileira
merece e muito a torcida em Londres.
Convocados:
Armadores
– Marcelinho Huertas (Barcelona-ESP), Larry Taylor (Bauru),
Leandrinho (Indiana Pacers-EUA) e Raulzinho (Lagun Aro-ESP)
Alas
– Marquinhos (Flamengo), Alex (Brasília), Guilherme Giovannoni
(Brasília) e Marcelinho Machado (Flamengo)
Pivôs
– Nenê (Washington Wizards-EUA), Anderson Varejão (Cleveland
Cavaliers-EUA), Tiago Splitter (San Antonio Spurs-EUA) e Caio Torres
(Flamengo)
Time-base:
Huertas, Leandrinho, Marquinhos, Varejão e Nenê.
O
resto do Grupo B: Espanha e Rússia se destacam dos demais
Enfrentando
o Brasil no Grupo B teremos Espanha, Rússia, China, Austrália e
Grã-Bretanha. A tendência é que a Espanha seja a líder, enquanto
a Rússia briga com o Brasil pelo segundo lugar. A quarta vaga será
disputada de maneira acirrada entre os anfitriões, os chineses e os
aussies. Nenhum dos três se destaca dos outros a princípio.
Espanha:
O elenco espanhol é disparado o segundo melhor da competição, o
que os coloca como favoritos para disputar a final contra os EUA. Os
irmãos Pau e Marc Gasol formam um garrafão bastante técnico e
experiente, enquanto Serge Ibaka traz sua defesa acima da média no
banco ao lado do experiente Felipe Reyes. A armação conta com os
talentosíssimos Sergio Llul e Sergio Rodríguez dividindo as
responsabilidades de point guard com o veterano José Calderón,
todos playmakers natos. O craque Juan Carlos Navarro é o ala-armador
titular, com Fernando San Emeterio e Victor Sada como reservas. Na
ala, Rudy Fernández tem muita capacidade atlética e experiência na
NBA para ser um dos grandes pontuadores do time. Seu reserva é
Victor Claver, que vai para a liga americana jogar no Portland Trail
Blazers a partir da próxima temporada. O time-base é Calderón,
Navarro, Fernández, Pau Gasol e Marc Gasol.
Os irmãos Marc e Pau Gasol são a força espanhola. Foto: Reuters |
Rússia:
Para brigar com o Brasil pela segunda posição do grupo, a Rússia é
liderada pelo ala Andrei Kirilenko, que deve voltar à NBA em
2012-13. Outra presença do melhor basquete do mundo no elenco é o
pivô Timofey Mozgov, do Denver Nuggets, gigante de 2,15m. Os alas
Sergey Monia e Viktor Khryapa já passaram pela liga americana,
enquanto o ala-armador Alexey Shved está indo para o Minnesota
Timberwolves após brilhar na Europa pelo CSKA Moscow. Além deles,
completa o time titular o armador Anton Ponkrashov, bastante alto
para a posição com 2,00m. Vale a pena ficar de olho nos jovens
Dmitri Khvostov (armador de 22 anos), Semyon Antonov (ala de 23 anos)
e, principalmente, Sergey Karasev (ala-armador de 18 anos). Outro
destaque é o combo guard Vitaly Fridzon. O time-base é Ponkrashov,
Fridzon, Kirilenko, Monia e Mozgov.
Grã-Bretanha:
Os donos da casa se apoiam basicamente em Luol Deng, um dos melhores
alas da NBA jogando pelo Chicago Bulls. A equipe conta com muitos sem
grande experiência em alto nível, e isso pode prejudicar bastante
na competição, apesar do apoio da torcida. As exceções são o
ala-pivô Pops Mensah-Bonsu, ex-NBA e o ala Joel Freeland, que está
indo para os EUA para a próxima temporada. De resto, o armador
veterano Mike Lenzly, alguns jogadores com passagens razoáveis em
ligas importantes da Europa, e outros jovens de potencial – como o
armador titular Andew Lawrence, que joga na NCAA pelo College of
Charleston. O time-base é Lawrence, Lenzly, Deng, Freeland e
Mensah-Bonsu.
Austrália:
Os aussies tem potencial, isso é inegável. Quem lidera o time em
quadra é o armador Patrick Mills, que esteve no Spurs na última
temporada. Ao lado dele, é muito importante a presença do
ala-armador Joe Ingles, do Barcelona, e dos experientes e rodados
Matt Nielsen e David Andersen no garrafão e Mark Worthington na ala.
Vale prestar atenção no ala-armador reserva Matthew Dellavedova,
que joga na NCAA por St. Mary's, e no pivô reserva Aleks Maric,
recém-contratado pelo Lokomotiv Kuban, da Rússia. O time-base é
Mills, Ingles, Worthington, Nielsen e Andersen.
China:
O time chinês é muito dependente de Yi Jianlian. O ala-pivô, que
nunca vingou na NBA mas ainda é atleta do Dallas Mavericks, é o
grande nome da seleção, e se ele não render as esperanças de
passar de fase, que já são pequenas, diminuem ainda mais. O
veterano pivô Wang Zhizhi já passou pelo basquete americano, mas já
está longe do seu melhor – que nunca foi grande coisa. O ala Sun
Yue também já jogou em terras ianques, enquanto os armadores Ailun
Guo (18 anos) e Chen Jianghua (23 anos) e os alas Ding Jinhui (22
anos) e Zhou Peng (22 anos) são boas promessas, principalmente os
dois primeiros. O maior problema do time é a falta de experiência
internacional, já que – à exceção de Jianlian – todos os
outros atuam no basquete chinês. O time-base é Guo, Jianghua, Yue,
Jianlian e Zhizhi.
O
Grupo A: EUA, os três mosqueteiros e as zebras africanas
O
Grupo A pode ser resumido assim. Os Estados Unidos estão muito acima
de qualquer um. Lituânia, França e Argentina devem brigar para ver
quem fica em segundo, terceiro e quarto para evitar a Espanha nas
quartas de final. A Nigéria tem alguma chance de surpreender contra
algum dos três, mas é difícil. E a Tunísia vai para passear.
EUA:
Chris Paul, Deron Williams, Russell Westbrook, Kobe Bryant, James
Harden, Lebron James, Carmelo Anthony, Kevin Durant, Andre Iguodala,
Tyson Chandler, Kevin Love e Anthony Davis. São 12 craques da NBA em
um só elenco. Tá bom, Davis ainda é um projeto de craque, mas
poucos duvidam de que não venha a ser. E ainda poderia ser melhor
se os lesionados Derrick Rose, Dwyane Wade, Blake Griffin, Chris
Bosh e Dwight Howard – além do esquecido Rajon Rondo –
estivessem presentes. Mas o elenco que vai para Londres é mais do
que suficiente para levar o ouro sem maiores dificuldades. Paul,
Kobe, Lebron, Carmelo e Chandler é a rotação principal, com Deron,
Westbrook, Iguodala, Durant e Love no segundo time, completados por
Harden e Davis. É muito talento junto, basta Coach K sabe usar – e
ele já provou que sabe com os títulos olímpico de 2008 e mundial
de 2010.
Lituânia:
A sempre forte seleção lituana surge a primeiro momento como a
segunda força do grupo. Desde que se emancipou da União Soviética,
em 1990, esteve presente em todas as Olimpíadas e sempre chegou na
semifinal – bronze em 1992, 1996 e 2000, quarto lugar em 2004 e
2008. Tamanha força em Jogos Olímpicos não pode ser desprezada.
Mais uma vez, levam uma equipe mais do que capaz de repetir os feitos
anteriores. O comando em quadra cabe ao excelente armador Mantas
Kalnietis, que tem como reservas os jás veterano craques Sarunas
Jasikevicius e Rimantas Kaukenas. O garrafão conta com Linas Kleiza,
único representante da NBA no time, e o jovem Jonas Valanciunas, que
está indo para os EUA para se juntar a Kleiza no Toronto Raptors.
Fora eles, um punhado de jogadores acostumados com as quadras dos
principais campeonatos europeus. A perda do pivô Robertas Javtokas,
lesionado – assim como do aposentado ala Ramunas Siskauskas – é
considerável, mas ainda assim a Lituânia tem o bastante para brigar
por medalha em Londres. O time-base é Kalnietis, Martynas Pocius,
Jonas Maciulis, Kleiza e Valanciunas.
O jovem Valanciunas é uma das maiores promessas lituanas. Foto: FIBA |
França:
Os Bleus poderiam muito bem ser a segunda força do grupo não
fosse a importante e insubstituível perda de Joakim Noah, um dos
melhores pivôs da NBA, lesionado. Agora, cabe apenas a Tony Parker
liderar o time, e ele é mais do que capaz disso. Nicolas Batum surge
como o segundo jogador mais importante do time após a boa temporada
no Blazers. Outros representes da NBA são os alas-pivôs Boris Diaw
e Ronny Turiaf e o pivô Kevin Seraphin. O armador Nando de Colo é
um jovem de muito potencial, que vai jogar no Spurs na próxima
temporada. Os alas Yakhouba Diawara e Mickael Gelabale já jogaram no
basquete americano. Enfim, não falta experiência, embora a ausência
de Noah vá ser muito sentida. O time-base é Parker, de Colo, Batum,
Diaw e Seraphin.
Argentina:
Não há dúvidas de que os hermanos não são mais os mesmos.
Mas também não há dúvidas de que ainda são muito perigosos, como
demonstraram no recente amistoso contra os EUA. Difícil pensar na
Argentina brigando pelo ouro novamente, mas o bronze parece bastante
possível. Manu Ginóbili continua letal, acompanhado pelos
escudeiros de sempre, o armador Pablo Prigioni, os alas Carlos
Delfino e Andres Nocioni e os pivôs, Juan Pedro Gutierrez, Federico
Kammerichs e Luis Scola. É a última Olimpíada dessa geração, e o
único sopro de renovação no elenco que vai a Londres é o jovem
armador Facundo Campazzo. De qualquer forma, os argentinos devem
passar de forma tranquila também para as quartas. O time-base é
Prigioni, Ginóbili, Nocioni, Scola e Gutierrez.
Nigéria:
As Super Águias surpreenderam a poderosa Grécia nas quartas de
final do Pré-Olímpico Mundial para avançar para as semis, onde
caíram. Depois, venceram a República Dominicana, que contava com
jogadores de NBA como Al Horford, para se classificar para Londres.
Vão precisar roubar uma vitória de Argentina, França ou Lituânia,
além de vencer a fraca Tunísia, para tentar passar de fase, o que é
difícil, mas longe de ser impossível. O time conta com a
experiência do armador americano-nigeriano Tony Skinn, além do ala
Al-Farouq Aminu, único representante da NBA no elenco. O ala-pivô
Ike Diogu, ex-NBA, vem sendo o melhor jogador, ajudado por outros
nomes com rodagem no basquete internacional. O time-base é Skinn,
Derrick Obasohan, Aminu, Diogu e Olumide Oyedeji.
Tunísia:
De longe a equipe mais fraca do torneio, as Águias de Cártago
conseguiram a classificação ao vencer o Campeonato Africano pela
primeira vez na história em 2011. O ponto forte do time é o
garrafão formado por Mokram Ben Romdhane e Salah Mejri. A maioria
dos jogadores atuam na própria Tunísia, com dois jogando em
Marrocos, um no Egito, um na Arábia Saudita e apenas um na Europa, o
veterano ala Mehdi Rafsi, que joga na segunda divisão francesa.
Apenas estar em Londres já é uma grande vitória, e conseguir um
triunfo contra um dos adversários de chave – o mais possível é a
rival continental Nigéria – seria praticamente um título para os
tunisianos. O time-base é Marouan Kechrid, Amine Rzig, Rafsi, Ben
Romdhane e Mejri.
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