Özil recuperou sua melhor versão, está mais solto e confiante em campo e é peça-chave do esquema de José Mourinho. O gol que decidiu a Liga Espanhola foi de Cristiano Ronaldo, mas o arquiteto da jogada foi o turco-alemão.
Victor Mendes
Duque de Caxias/RJ
Créditos da imagem: Getty Images
5 anos. Foi esse o período de jejum do Real Madrid sem vencer o Barcelona no Camp Nou. Os merengues, durante esse tempo, sofreram em suas visitas à Catalunha: perderam de 2x0, de 5x0, de 3x2... Simplesmente o jogo não fluía. A cada partida, o cenário era o mesmo: um Real Madrid acuado, nervoso e antipático perante uma avalanche azulgrená, que só fazia valer sua filosofia de jogo. Porém, é preciso voltar a janeiro deste ano para saber que os blancos já haviam perdido o medo de visitar os barcelonistas. No jogo de volta das quartas-de-finais da Copa do Rei, o Real Madrid foi ao Camp Nou para vencer. Empatou, foi eliminado, mas a sensação foi de avanço.
E
foi o que ficou comprovado no superclássico deste sábado. A vitória por
2x1que praticamente sentenciou a Liga evidencia que, após anos de
derrotas e humilhações, o Real Madrid está disposto a dar a volta por
cima. O primeiro passo foi dado. Os merengues não sofreram em momento
algum da partida. Dominaram o meio-campo, em partidas destacáveis de
Khedira e Xabi Alonso, mostraram uma louvável aplicação tática (Di María
se sacrificou em prol de ajudar na marcação de Iniesta) e não deixaram
Messi em paz: eram dois marcando na frente e um na cobertura. La Pulga
inexistiu, só aparecendo em lampejos (diga-se de passagem foi dele a
jogada do gol de Sánchez).
Nesse
cenário, dois nomes se destacam: Cristiano Ronaldo e Mesut Özil. O
português sempre se viu taxado de amarelão. A própria torcida madridista
o criticava justamente por sumir em jogos contra o Barcelona. A torcida
culé, por sua vez, o ironizava em cada visita do gajo ao Camp Nou. Mas
CR7 nunca abaixou a cabeça e continuou fazendo seu trabalho. O gol e a
comemoração de desabafo e ironia é um divisor d'águas em sua carreira no
Real Madrid: Ronaldo está pronto para ser ídolo, fazer história e
ganhar tudo na capital espanhola.
Entretanto,
o personagem do post é o alemão. Özil encerrou 2011 em baixa. Em má
fase e relegado ao banco, perdeu moral com José Mourinho. A lesão de Di
María abriu espaços para o camisa 10 recuperar os créditos perdidos.
E o germânico o faz com louvor. Está mais elétrico e, assim como
Cristiano Ronaldo, tem sido peça fundamental em superclássicos. Já havia
sido o melhor em campo na Copa del Rey e, dessa vez, foi o responsável
pela assistência milimétrica para o tento do gajo. O periódico AS
definiu bem: foi a assistência da temporada. O que mais chama a atenção
nessa nova versão de Özil é sua regularidade. A irregularidade era
justamente o ponto no qual a imprensa sempre batia o martelo.
Özil
é o arquiteto - junto com Xabi Alonso - que o Real Madrid não tinha há
muito tempo. Özil cumpre uma função tática semelhante a de Figo (não
estou comparando os jogadores, hein) na época do título europeu de 2002.
São 19 assistências na Liga, 25 na temporada. Seja jogando aberto à
direita ou centralizado no auxílio a Benzema ou Higuaín seu futebol
continua o mesmo. É o talento somado a regularidade e a naturalidade.
Aos 23 anos, ele tem o arranque, o chute e a visão de jogo que o
transformam num dos meio-campista mais completo da liga. Mourinho
celebra a cada jogo o retorno do futebol e a adaptação de Özil ao estilo
de jogo merengue. É evidente que o Real Madrid se sagrará campeão com
autoridade e justiça. Assistimos a uma irrefutável demonstração de força
dos líderes na temporada e a um concerto do alemão, que cumpre todas as
tarefas que você pode esperar de um criador de jogadas. Um timaço, um
craque.
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