Saída de Mancini reflete apenas um dos grandes problemas do Cruzeiro, que preocupa demais.
Luiz Guilherme de Almeida
Belo Horizonte - MG
Em mais uma noite de futebol abaixo da crítica, o Cruzeiro foi eliminado da Copa do Brasil pelo Atlético Paranaense. A eliminação, que já era previsível devido ao futebol que vem sendo jogado pela equipe celeste, confirmou-se ainda mais com o gol de Guerrón e a expulsão pífia de Roger, ainda no primeiro tempo. Mais importante que a eliminação foi a confirmação do que já era sabido por todos. O treinador Vágner Mancini não é mais o comandante do Cruzeiro. Pensei em escrever sobre o balanço negativo do trabalho de Mancini aqui em Minas; apesar da salvação do rebaixamento em 2011; rascunhei também descrever como foi mais uma partida desorganizada da equipe cruzeirense. Mas confesso a você leitor que essa crônica já havia sido pré-escrita por mim ontem, tamanha era a minha certeza no resultado dessa noite em Sete Lagoas. Apenas complementei com o factual.
Em mais uma noite de futebol abaixo da crítica, o Cruzeiro foi eliminado da Copa do Brasil pelo Atlético Paranaense. A eliminação, que já era previsível devido ao futebol que vem sendo jogado pela equipe celeste, confirmou-se ainda mais com o gol de Guerrón e a expulsão pífia de Roger, ainda no primeiro tempo. Mais importante que a eliminação foi a confirmação do que já era sabido por todos. O treinador Vágner Mancini não é mais o comandante do Cruzeiro. Pensei em escrever sobre o balanço negativo do trabalho de Mancini aqui em Minas; apesar da salvação do rebaixamento em 2011; rascunhei também descrever como foi mais uma partida desorganizada da equipe cruzeirense. Mas confesso a você leitor que essa crônica já havia sido pré-escrita por mim ontem, tamanha era a minha certeza no resultado dessa noite em Sete Lagoas. Apenas complementei com o factual.
Sai Mancini, apenas um dos problemas. Foto: Terra |
Pelo oitavo
jogo consecutivo o Cruzeiro saiu atrás no placar e mais uma vez teve que
correr em vão pelo resultado que poderia lhe favorecer. É inacreditável
que o mesmo fato, o mesmo erro ocorra seguidas oito vezes com uma
equipe de futebol profissional que se preze. Não existe fórmula mágica
para se evitar levar gols, mas existe a correção das falhas que os
geram. Desde o final do ano passado a defesa cruzeirense já causava
pavor e muito pouco foi feito como mudança. Alex Silva é bom zagueiro,
seguro pelo alto, mas não é Baresi, nunca foi. Falhou bisonhamente hoje
em tudo. Exagerei? Tudo bem, simplificaremos. Ele não é o simples e
também seguro Manoel, que atuou do lado paranaense. Simplicando ainda
mais, minha crítica não é ao zagueiro em si, mas à inércia em que
permance uma diretoria ao saber desde o ano passado que o setor
defensivo – e todo o elenco limitadíssimo – carecia de qualificação de
forma urgente. A zaga continua em seu nato mau posicionamento jogo após
jogo e não há santo que o corrija, quem dirá o próprio Mancini. Já as
laterais clamam por outros nomes. A essa altura, quaisquer um. Apenas
opções novas, fatos novos. Os setores restantes, não nos cansaremos
ainda mais no exercício da repetição.
Essa
eliminação é apenas mais um reflexo do que vem sendo feito no Cruzeiro.
Ou melhor, do que não tem sido feito. Dentro e fora de campo o futebol
exige mínima organização e consistência de um trabalho. Carente de
qualificação, carente de comando, carente de um norte. Assim lá se vão
cinco meses de uma temporada e duas competições a menos a serem
disputadas. E parece não fazer a mínima diferença para a cúpula celeste
tal situação, já que ela insiste em declarar que “o elenco é bom”,
“algumas peças apenas é o que precisamos” ou a nova “temos que ver o
futebol de forma diferente”.
Havia
discutido com colegas que essa derrota e eliminação previsível do
Cruzeiro seria de toda benéfica. A mudança no comando técnico poderia
trazer alguma melhora no futebol, soprar algo a mais, mas já não creio
nessa hipótese tão claramente. O Cruzeiro tem problemas muito maiores.
Mancini sai sem dar a mínima identidade à uma equipe enfraquecida, mas
que ainda carregava alguma esperança de acerto, pelo menos iludia a tal
ponto. Mas vai tarde. Com ele no comando o Cruzeiro apresentou um dos
piores momentos de futebol dos seus últimos anos. Porém a culpa não é
sua exclusivamente, de forma alguma.
Reservei
esse parágrafo apenas para elucidar mais uma atitude ridícula do jogador
Roger. Tão exaltado pelo seu desempenho diante dos microfones e
câmeras, pela suas inúteis encrencas e intrigas e, quando sobra tempo,
pelo seu futebol, esse deveria ter sua situação revaliada. Tanto pela
direção quanto pela torcida. Sua expulsão não foi a primeira muito menos
a segunda em momentos cruciais para o Cruzeiro. Campeonato Mineiro,
Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil. Faça sua escolha
dentro desse cardápio de falta de profissionalismo. De forma estúpida e
merecida Roger deixou a equipe mais uma vez na mão ainda no primeiro
tempo, quando havia uma ponta remota de esperança. Um jogador com
tamanha experiência e peso, não tem o direito de permanecer em completa
falta de profissionalismo e descompromisso com a situação do clube, com
seu treinador e seus companheiros. Acima de tudo com a torcida que
tanto insiste em dar-lhe crédito por alguns passes ou enganadas de
trivela. Fez o favor de jogar a pá de terra que faltava para enterrar o
Cruzeiro e corre risco de enterrar-se junto. Seria merecido.
Transbordando
problemas e totalmente preocupante para o restante do ano, o torcedor
que com razão pediu a saída de Mancini, agora deve estar pensando quem
assumirá a equipe. Eu confesso que não tenho a menor sugestão nesse
momento. Acho que nem a direção cruzeirense deva ter essa certeza. As
opções no mercado são escassas e igualmente fracas; permanecer no erro
seria ainda mais retrógrado. Fala-se em Levir Culpi, Gilson Kleina ou
uma lúdica liberação de Ney Franco pela CBF. Mais do mesmo, incerteza e
duvido, respectivamente. A realidade do Cruzeiro é diferente de outrora.
Há que se fazer um time sem dinheiro.
Ao torcedor
do Cruzeiro, resta-lhe pouquíssimas duas coisas. Uma é a apreensão pela
situação turbulenta em que vê sua equipe. Ele sabe que do futebol que
está sendo jogado para qualquer mudança positiva levará tempo. O
treinador que herdar a situação terá muito trabalho a fazer, sem certeza
de sucesso, cercado de muita desconfiança. Apreensão, por não saber o
que será dessa equipe a partir de agora. O Campeonato Brasileiro bate às
portas e o Cruzeiro é, junto com as equipes que subiram da Série B os
mais ameaçados e desacreditados no certame. Sem elenco decente, sem
perspectiva e agora sem comando é muito preocupante a situação azul. É
necessário um posicionamento e intervenção urgente da diretoria, não
interessam as dificuldades financeiras ou quaisquer outras que alegarem.
Discursos de levantar a cabeça já não colarão mais. O último alento que
resta é o retorno à Belo Horizonte e uma esperança camuflada de
incerteza de que algo irá melhorar. Mas todos permanecem receosos, com
razão, até segunda ordem. Mesmo com a temporada comprometida, há tempo
de acerto para um Brasileiro decente, visando evitar a situação
vexatória do ano passado. Acho difícil, alarmante.
A noite de
hoje não foi surpresa. Ao contrário, já era anunciada. Durante oito
meses. E o futuro cruzeirense continua da mesma forma, anunciado.
Nenhum comentário:
Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!
Comentários anônimos não serão mais aceitos.