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Lições do Barcelona, campeão do mundo desde algum tempo


Por Wilson Hebert
@wilson_hebert

Não foi neste domingo que o Barcelona se tornou campeão do mundo. Segundo o comentarista Mauricio Noriega, do Sportv, o presidente já revelou que há 30 anos o clube catalão projetou uma mudança de mentalidade e de filosofia, que culminou num futebol puro e simples, que dada à mediocridade dos tempos atuais, parece algo revolucionário. O Barça se tornou o melhor time do mundo, quando, assim como a Holanda e o Brasil dos anos 70, o Santos de Pelé dos anos 60, resolveu não se adequar a uma realidade explícita, mas sim jogar da forma que julga melhor, ser superior a qualquer um. Foi, é e permanecerá sendo, enquanto os outros tentarem ser melhor que os outros e o Barcelona procurar ser melhor que a si próprio a cada jogo, a cada temporada.

E isso não é uma forma tática, uma qualidade nas contratações ou um treinador competente. Vai além, claro. Isso vem da formação de base, da raiz. Quando se educa um atleta de futebol, é preciso que seja ensinado a jogar bola, a se livrar das adversidades dentro de campo com inteligência, cautela, porém elegância. O Xavi, o Iniesta, o Fábregas, o Thiago, o Messi enfim, tocam quando há um oponente perto, a média distância ou longe. E tocam certo, com firmeza, com certeza. Victor Valdes, o goleiro, recebe sim a bola, sem medo disso ser feio, mas toca, contando com a ajuda da movimentação dos zagueiros, que recebem e, com uma maior rotação dos jogadores de meio campo, também tocam. Nunca dão chutão, sempre raciocinam. Coletivamente.

O Brasil já foi assim. Mas não é mais. Hoje, nos campos tupiniquins, o zagueiro tem que marcar e se livrar da bola (se o chutão dele passar o meio campo é merecedor de elogios). O meia, não pode driblar muito, pois isso é desrespeito. Tem que dar carrinho, roubar a bola. E quanto tiver com a redonda no pé, cair no gramado pra cavar uma falta e resolver o jogo na bola parada. O atacante, óbvio, tem que cavar um pênalti.

É claro que não se resume a isso. Mas se explora muito essas alternativas mesquinhas, principalmente quando o placar está adverso.

O imenso respeito de Muricy Ramalho, que de certa forma acabou se transformando num medo, ficou bem claro quando ele sacou o Elano – titular habitualmente – para colocar Leo no lado direito, praticamente com a incumbência de marcar muito mais do que arriscar jogadas pela linha de fundo, manter três zagueiros com a missão de “se livrar da bola no setor defensivo” e, consequentemente com todo o arsenal gasto lá atrás, isolar Neymar e Ganso, que jogaram 0% do que poderiam jogar. Não, eles não sucumbiram porque jogam no Brasil. Eles sucumbiram porque são jogadores para jogar com a bola nos pés, mas que tiveram que jogar como caçadores.

O jornalista Mauro Beting mostra muito claramente em seu blog a situação medrosa do Santos diante do Super Barça. O respeito não seria elogiável, mas sim obrigatório, todavia, com todo respeito à Ponte Preta, não é porque em algum momento confundiram os escudos na competição realizada do outro lado do mundo, que o Santos deveria entrar com uma formação digna de time que nunca foi campeão. Veja abaixo:


Fora a parte tática, o Barcelona ainda fez o favor de aplicar uma aula não apenas ao Santos, mas sim ao futebol sul-americano como um todo. Existe uma diferença entre ter a posse de bola comumente e ter a posse de bola ao estilo Barça. Na humilde parte sul do nosso continente, confunde-se com bastante freqüência o significado da expressão ‘dominar uma partida’ quando uma equipe mantém a bola nos pés dos seus jogadores, só que tocando do meio campo para trás.

Quando, numa disputa, alguém se mantém atrás, este alguém não está dominando coisa alguma, mas sim evitando o confronto. Foi o que o Luxemburgo, por exemplo, tentou aplicar ao Flamengo em 2011. Começou a temporada querendo ser o Barcelona, mas foi um time medroso em grande parte do tempo, sendo um super time de empates, que ficou 10 jogos sem vencer no Brasileirão e que foi espancado pela LDU, em casa, em jogo válido pela Sul-Americana. Na Argentina, o River Plate, claramente com jogadores limitados, reconhecendo isso, tentou ser um time de posse de bola, mas que permanecia trocando passes atrás... Hoje está na segunda divisão. São exemplos extremos, mas que valem para mostrar a extremidade de estilos se comparado ao que é, de fato, dominar, como faz o Barcelona.

O Santos, como aprendiz, parece ter agido corretamente. Perdeu? Sim! Vergonhoso? Não! Para o padrão brasileiro – que é comum, nada abaixo disso – o Peixe é superior, tem jogadores interessantes. Mas para ser referência planetária como é o clube catalão e como foi o próprio clube do litoral paulista nos anos 60, é preciso ter hombridade para reconhecer que os comandados de Pep Guardiola deram aula hoje. Neymar demonstrou ter percebido isso e foi homem para reconhecer na sua entrevista pós-jogo, seu melhor momento nessa final.

Parabéns ao Barcelona por ter atravessado uma etapa na rotina de melhor do Planeta Terra nas últimas décadas!

E parabéns ao Santos por ter chegado aonde chegou. Não é qualquer um que disputa um Mundial com os melhores do mundo.

@wilson_hebert

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