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Quem não tem asa, se pendura

por Henrique Ventura
@henventura

Podemos ter, no estado do Paraná, um precedente inédito no futebol brasileiro sobre a organização de ligas. Após o vexatório rebaixamento do Paraná Clube no campeonato estadual, criou-se um impasse: a Federação Paranaense de futebol costuma realizar a disputa das divisões inferiores no segundo semestre, concomitantemente às competições nacionais da CBF. Como o Tricolor disputa a série B do brasileirão, surgiram dois problemas específicos para o clube.m deles seria a falta de jogos no primeiro semestre (haveria apenas a Copa do Brasil, a partir de março) e o outro, mais grave ainda, seria a necessidade da criação de um elenco extremamente inchado para suportar jogos de duas competições simultâneas.

Mas não é justo que uma Federação imponha a um dos seus mais tradicionais filiados um peso desse, de arcar com tamanha dificuldade, de sobrecarregar o clube com uma competição deficitária e desinteressante perante o senso comum. O Paraná Clube acenou com um pedido informal de antecipação do campeonato e a FPF foi taxativa: não iria alterar a programação dos outros nove clubes participantes da Divisão de Acesso somente por causa do pedido de um clube.

Então, coube ao Paraná Clube – sem auxílio nenhum da Federação Paranaense de Futebol – procurar os demais participantes da Série Prata para convencê-los da mudança. Em duas reuniões, conseguiu 80% de aprovação da idéia, apresentou uma proposta – a princípio, não oficial, mas confirmada por jornalistas da Band Curitiba – de patrocínio e transmissão do campeonato que bancasse os custos de viagem dos clubes e ainda desse visibilidade à disputa (com exceção das divisões inferiores do campeonato paulista, nenhum outro estado tem suas divisões de acesso integralmente televisionadas).


Dirigentes dos clubes reunidos: maioria já quer a antecipação da Série Prata (foto: Napoleão Almeida - napoalmeida.wordpress.com)

Os clubes do interior se mostraram empolgados com a antecipação, até porque o Paraná Clube foi taxativo ao dizer que não inchará seu elenco só por causa da FPF e que, portanto, fará valer seu direito concedido pelo Regulamento Geral das Competições da CBF, que estabelece um período mínimo de 66 horas de intervalo entre duas partidas. Assim, como a Série B nacional costuma ter jogos às terças e sextas, sobrariam poucas datas para que o Paraná pudesse disputar a Série Prata, algo que faria o campeonato se arrastar até janeiro de 2013, atrasando inclusive a Série Ouro.
Mas a FPF parece estar teimando. Emitiu nota oficial em seu site dizendo que só antecipa a competição se houver unanimidade. Ora, não se encontra em regulamento, lei, decreto ou dispositivo legal qualquer, um artigo sequer que cite a necessidade de aceitação máxima para a convocação antecipada de arbitral.

Os oito clubes que são favoráveis à mudança no calendário, agora, resolveram ir à luta de vez. Até esta quarta-feira será encaminhado um pedido oficial, assinado por oito dos dez clubes participantes, de antecipação do arbitral para que a Série Prata seja realizada a partir de março.
O que se tira de positivo de toda essa situação é que os clubes mostraram capacidade própria de organização para a montagem do campeonato. Buscaram sozinhos – e conseguiram - a viabilização financeira, que parecia impossível para um torneio de um estado em que até mesmo a divisão principal é deficitária, papel primário de uma Federação, que deveria prezar pelos seus filiados.

Isso tudo mostra que as federações só se mantêm porque ainda possuem um pseudo poder por escrito, porque essa organização em conjunto dos clubes que disputarão a divisão de acesso do Campeonato Paranaense pode ser o principal gatilho para a disseminação das ligas Brasil afora.
Essa queda de braço em questão está longe de um fim, mas a semente já está plantada. Se as federações continuarem intransigentes com seus filiados em troca de interesses até então desconhecidos, as ligas ganharão mais força e esse, então, será o caminho a ser trilhado pelo novo futebol no Brasil.

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