Clube paraibano perde momento de demonstrar grandeza e
mostra a pequenez de sensibilidade ao tratar o atleta como um carrasco de seus
projetos.
Daniel
Junior - @dcostajunior
Rio
de Janeiro
Estadão/UOL Esportes |
Léo
Rocha, atleta do Treze (PB) entrou para história do futebol, não por seu
portentoso talento, nem por ser irmão de criação Carlinhos Paraíba (jogador
profissional que passou por São Paulo e Coritiba, entre outros), muito menos
por ter classificado o time paraibano na edição 2012 da Copa do Brasil. Muito
pelo contrário. O meia teve seu nome ‘agraciado’ pelos campos midiáticos, por
ter perdido a chance de colocar seu time em evidência no cenário nacional ao
eliminar o Botafogo dentro do seu (?) estádio, o Engenhão.
Deixa
só eu corrigir a frase: Léo Rocha – com passagens pelo Madureira, Olaria,
Paraná, Portuguesa, entre outros – colocou sim, seu time em evidência no
cenário nacional. A repulsa pela qual seu time o tratou após a perda do pênalti
(depois da cavadinha sem categoria), tomou os jornais de todo o país e mostrou
o quanto os dirigentes do Treze são machos na terra das mulheres-macho, com o
perdão do trocadilho.
Todo
o desagravo em cima do atleta foi de um exagero babaca e de pouco precedente.
Os argumentos contra o meia pareciam dirigidos a um mau caráter ou mesmo um
sociopata, que desfigurara a tradicional família paraibana no momento da sua
maior glória nacional. Tolices, exageros, discursos idiotas e frases de efeito
cheias de defeito (“aqui é um clube para vencedores”) formam a tônica sobre e
sob o rapaz que queria figurar seu nome no cenário de outra forma.
Todos
sabemos que um time de menor expressão faz investimentos preciosos para
participar da Copa do Brasil; todos sabemos que cada vitória é comemorada no
mesmo teor de um Estadual (especialmente times no e do Nordeste); todos
entendemos que o ano fica extremamente dependente dos resultados obtidos no
início do semestre. Porém, todos nós sabemos que estamos falando de futebol,
uma arte que leva às lágrimas torcedores mediante vitórias espetaculares em
momentos dramáticos e não perdoa outras lágrimas de ódio, paixão e sentimentos
viscerais na derrota. No entanto, o tratamento dado ao atleta (que não foi
irresponsável como tem se dito a respeito) é digno de páginas de jornal, de
como o clube tem pouquíssima preocupação com seu patrimônio. Se acerta é
bestial, se erra é uma besta?
Quem
viu o jogo sabe que o Treze se impôs (especialmente no primeiro tempo) e
conseguiu o êxito, em um elenco menos experiente, segurar o Botafogo, dentro
das suas cercanias e levar a partida às penalidades. Todo o trabalho durante os
90 minutos fora esquecido, para que, somente os 4 segundos da batida perdida
nas mãos do Jefferson, fossem eternizados como os momentos inglórios do Treze
no Rio de Janeiro.
O
jogador pode ter sido ‘frio’ demais em um momento tenso, mas é apoio que se
espera de um time profissional de futebol; o que se vê é um achincalhamento
público de um atleta que fez uma escolha e que irá pagar (com suas próprias
lembranças e consciência) pelo seu erro, portanto não precisava do julgamento
da sociedade, como se fosse um Barrabás a ser liberto.
Essa
é mais uma prova do amadorismo com a qual os clubes profissionais lidam com
questões fundamentais na lida do futebol, especialmente a derrota. Muitas das
vezes, o pagador do pato é o técnico. Não importa o projeto, não importa o
elenco, não importa o jogo. Desta vez, coube o papel de bode expiatório, o
jovem jogador que sonhara em sair do Engenhão como herói e saiu do estádio como
vilão.
Agora,
de repente, esquecem um pouco o Deivid...
Este texto não é contra o futebol nordestino ou muito menos faz qualquer apologia a qualquer discurso reacionário contra outros estados brasileiros
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