Marco de Vargas saiu do RS
para ser uma das vozes oficiais da Libertadores 2012 pelo FOX Sports.
Porto Alegre/RS
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- (Vinicius Lorenssete de Brino) Qual seria o ápice para
um narrador esportivo? Qual foi o seu até o presente momento? E o momento mais
negativo?
- Marco de Vargas - Creio que o ápice de um narrador é
chegar a um patamar profissional de destaque dentro da sua profissão, e isso
significa narrar eventos de ponta em grande nível, em um veículo que possa te
dar suporte para tanto. O meu ápice profissional foi justamente a oportunidade
de entrar para o time do Fox Sports, com eventos de extrema relevância para
narrar em nível nacional e internacional. Não me recordo de um momento que
possa classificar como negativo. Como em todas as profissões, existem os bons e
os maus momentos, mas todos os percalços acabam ficando pra trás quando temos o
espírito aberto às coisas boas que a vida tem a nos oferecer. Quando isso
ocorre, transformamos um possível mau momento em mais uma ferramenta de
aprendizado em busca de uma evolução pessoal.
- (Caio Spechoto) Tem algo que tu não gostou de narrar?
- MdeV - Já narrei de tudo um pouco e não posso dizer que
não tenha gostado de algo. Certamente temos preferências por este ou aquele
esporte, o que remete a uma facilidade maior com algumas modalidades em
detrimento de outras, mas daí a não gostar de narrar tem uma grande diferença.
Tenho identificação com o esporte em geral e sempre estudo com afinco aquilo
que será objeto de uma futura narração.
- (Bruno Cassali) Qual foi o principal motivo que te fez
mudar de empresa?
- MdeV - O desafio de entrar para um time de primeira,
com eventos de ponta para transmitir foi um ponto fundamental na escolha.
Inaugurar um canal de uma marca tão expressiva no Brasil é um verdadeiro prêmio
profissional. Certamente que a visibilidade do projeto do Fox Sports acarreta
em responsabilidades da mesma magnitude e isso é realmente instigante e
motivador.
- (Wilson Hebert) Você já conhecia o trabalho que a Fox
desempenha nos demais países do continente?
- MdeV - Claro. Trata-se de uma empresa líder no segmento
em todos os países da América e a sua marca é reconhecida como tal em todo o
continente. O Fox Sports é uma referência em transmissões esportivas e quem é
do meio já conhecia e tinha ótimas impressões da marca Fox Sports bem antes da
vinda do canal para o Brasil.
- (Wilson Hebert) Na sua opinião, o que a Fox pode
trazer/fazer de diferente para a comunicação esportiva no Brasil?
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- (Eduardo M. Tavares Junior) A maioria dos eventos
futebolísticos que o Fox Sports tem anunciado, são de futebol internacional e o
tu se notabilizou por narrar futebol gaúcho. Como será a transição para a
cobertura de eventos completamente diferentes do que estava habituado?
- MdeV - Não vejo nenhum problema, pois já acompanho há
muito tempo parte desses eventos como consumidor esportivo, antes mesmo de
atuar na área. Além do mais, sou um estudioso do assunto e trata-se de mais um
dos pontos encantadores desse grande projeto. Um ajuste aqui ou ali e lá vamos
nós encarar o desafio de transmitir para um público exigente e que manja do
assunto, sem dúvida.
- (Eduardo M. Tavares Junior) Nos gols do Liverpool, tu
gritará "É red!"?
- MdeV - Olha, o trocadilho soa bem bacana, mas como eu
faria com os outros times? Isso acabaria gerando uma ciumeira danada! Melhor
ficar no “é rede!” pra todo mundo mesmo…
- (Wilson Hebert) Qual a sua opinião sobre a realização
da Copa no Brasil?
- MdeV - Um grande evento, do tamanho do nosso país. Embora
todos os argumentos contra que a gente vê, lê e ouve por aí, alguns até
fortemente embasados, creio que é uma oportunidade de mostrar ao mundo que
somos capazes. Do nosso jeito, da nossa forma peculiar, com cada qual por vezes
puxando para um lado, mas ainda assim um feito brasileiro. Muitas gerações,
inclusive a minha, estão carecas de ver países menos expressivos política e até
mesmo economicamente, realizar eventos dessa magnitude. Trata-se de um evento
importante para a marca Brasil. Alguns dirão que é dinheiro jogado fora, que o
legado será terrível e etc. Bem, não se pode fazer omelete sem quebrar os ovos.
Se fizermos, criticarão. Se não fizermos, idem. Então façamos, ora.
- (Wilson Hebert) Como você vê o futebol brasileiro
atualmente? Em qual ponto nós devemos mais ao futebol europeu?
- MdeV - Vejo o futebol brasileiro como um misto de
profissionalismo e amadorismo. Alguns clubes já perceberam que o caminho para a
profissionalização ou a bancarrota é inevitável e estão se mexendo, mesmo que
tardiamente. Outros, ao que parece, pararam no tempo e tendem a enfrentar
problemas sérios ali na frente, se já não os estão enfrentando. Por conta desse
modelo semi-profissional que impera no futebol brasileiro em geral, nossos
jogadores, em sua maioria, enfrentam grandes dificuldades na Europa e isso é
reflexo do nosso modelo paternalista de lidar com o meio. E reside aí, nesse
limbo entre os dois modelos, o nosso calcanhar-de-aquiles com relação aos
gringos. Eles estão anos-luz na frente como modelo de gestão, marketing e
planejamento. Tratam o esporte como um negócio, enquanto que o Brasil ainda vê
o futebol aenas como diversão ou trampolim político.
- (Bruno Cassali) Qual foi sua maior alegria na carreira
até o momento?
- MdeV - Tive várias. Mas certamente a minha maior
alegria foi ter a oportunidade de ingressar na carreira. Lembro como se fosse
hoje o dia da minha primeira transmissão por uma emissora de rádio. Era a
realização de um sonho infantil estar ali, empunhando um microfone e falando
com paixão de algo que sempre foi apaixonante para mim. Fazer aquilo que amamos
certamente não tem preço e o início na profissão marcou demais a minha
trajetória.
- (Wilson Hebert) Já pagou algum mico?
- MdeV - Vários. Já engasguei na frente da câmera, já me
intoxiquei com fumaça de cigarro ao vivo, já narrei dublando outro colega que
por sua vez dublava um primeiro… Só quem está na chuva pode dizer que ela molha
mesmo. Mas guardo com carinho todas as lembranças da profissão, mesmo aquelas
não tão agradáveis.
- (Wilson Hebert) E o que dizer para os jovens que
pretendem entrar na carreira de jornalista esportivo (ou da comunicação, de
modo mais geral), como nós da Leitura Esportiva?
- MdeV - Tenham a certeza de que não é uma profissão
fácil, mas é uma das mais apaixonantes que existem. Leiam, estudem, entendam
muito daquilo que vocês se propuserem a cobrir. Saibam que o seu público tem no
mínimo o mesmo conhecimento que vocês e jamais tentem menosprezá-lo. Ouçam e
aprendam com os mais experientes, mesmo que não seja conveniente seguir os
mesmos passos. Sejam ousados porém cautelosos, saibam que um sim por vezes é
não e vice-versa. E, sobretudo, sejam autênticos, por mais que isso pareça
piegas. O mundo precisa de originalidade e criatividade, mas não faça nada que
venha a ferir a sua integridade pessoal e os seus princípios. Sejam vocês,
sempre.
Grande entrevista, Bruno
ResponderExcluirValeu Caio!
ResponderExcluirFantástico!
ResponderExcluirPelo pouco de mensagem que já troquei com o Marco de Vargas e lendo suas respostas nesta entrevista, já deu pra perceber que se trata de uma grande pessoa.