Acidente entre Michael Schumacher e Damon Hill decidiu o campeonato de 1994 e fez do título do alemão um dos mais controversos da história da F1.
Por Leandro Gomes
Rio de Janeiro/RJ
Colisão entre Schumacher e Hill decretou o título do alemão em 1994. Foto: Daily Mail. |
Ao contrário do que acontece atualmente, o GP da
Austrália de Fórmula 1 não era disputado em Melbourne, tampouco era a primeira
corrida do calendário. Entre 1985 e 1995, a prova ocorria em Adelaide e era a
última a ser disputada. Como o campeonato geralmente já estava decidido a esta
altura, costumava ser disputada em ritmo de férias. Porém, ela também já foi
palco de grandes decisões, como em 1994, quando uma disputa controversa decidiu
o título.
O começo da temporada de 1994 levava a crer que Michael
Schumacher conquistaria tranquilamente o seu primeiro título. O alemão havia
ganho seis das sete corridas iniciais e tinha uma Benetton dominante em mãos.
Além disso, havia ficado praticamente sem concorrentes após a morte de Ayrton
Senna, antes o principal favorito, no GP de San Marino. A glória parecia apenas
questão de tempo.
Porém, as coisas mudaram na segunda metade do campeonato.
Schumacher se envolveu em muitas polêmicas e foi desqualificado de duas provas
e banido de outras duas. Enquanto isso, Damon Hill se aproveitou da situação.
Ele, que surpreendentemente não sucumbiu à pressão de ser o piloto principal da
Williams após a morte de Senna mesmo tendo pouca experiência na F1, foi
acumulando o máximo de pontos possíveis, venceu quatro das cinco corridas antes
do GP da Austrália e colou no piloto da Benetton, ficando a apenas um ponto
dele na classificação geral. Foi exatamente nessa condição que desembarcaram em
Adelaide.
Nos treinos, Schumacher se saiu melhor, obtendo a segunda
posição no grid, enquanto Hill largaria um posto atrás. Nigel Mansell sairia na
pole, o que poderia ser uma preocupação para o jovem alemão: como o Leão também
era da Williams, poderia ajudar seu companheiro de equipe justamente
atrapalhando o seu principal concorrente na largada. Entretanto, não foi isso o
que aconteceu: Mansell saiu muito mal e acabou sendo ultrapassado por ambos.
Logo após a primeira curva, Michael já era o líder, seguido pelo seu grande
rival.
Esse era o início de um grande duelo entre os dois
postulantes ao título. Não um duelo cheio de ultrapassagens e freadas dadas no
limite, mas sim um tenso, psicológico — algo muito parecido com o que foi visto
no GP do Brasil de 2008. Se Hill não se aproximava muito de Schumacher, também
não perdia o contato. Se o alemão se livrava rapidamente de retardatários, o
inglês fazia mesmo. Até houve momentos em que o piloto da Benetton tinha mais
dificuldade com os carros mais lentos, permitindo a chegada de Damon; porém,
este também chegou a ser perder diante de alguns — em uma dessas ocasiões, teve
problemas justamente com Frentzen a sua frente, curiosamente um alemão que não
tinha um relacionamento muito bom com Schumacher fora das pistas. Até metade da
corrida, não havia nenhum lance entre eles “de tirar o folêgo”. Tal momento só
ocorreria na volta 35. E ele decidiria o campeonato.
Subitamente, Schumacher cometeu um erro muito bobo, digno
de alguém que se desconcentrou. Porém, o erro foi tamanho que ele chegou a sair
da pista e bater de leve com as rodas no muro, logo retornando a pista. Hill,
que estava próximo, percebeu que era o momento de finalmente atacar e
ultrapassar seu rival, e assim o fez. Quando Damon já estava no meio do
processo de ultrapassagem, com espaço suficiente para tal lance, Michael
repentinamente jogou seu carro para cima do piloto da Williams.
O golpe foi sujo, e o choque, inevitável. O alemão viu
sua Benetton alçar voo e foi direto para a barreira de pneus; estava fora da
prova enquanto o inglês continuava na pista. Porém, não por muito tempo. A
Williams de Hill sofreu sérios danos, obrigando-o a arrastar seu carro aos boxes.
Ao chegar lá, após muito relutarem foi constatado que também não poderia
continuar na prova. Logo, Schumacher era campeão —afinal, ele havia chegado à
Austrália com um ponto de vantagem, e nenhum dos dois pontuariam ali.
As cenas seguintes não deixaram de ser polêmicas, e até
certo ponto vexatórias. Hill entrou nos boxes claramente frustrado e inconformado,
sem acreditar no que havia acontecido. De
certa forma, sabia que Schumacher não havia jogado limpo. Este, no entanto, nem
ligou para isso, assim como seus mecânicos, que se abraçavam efusivamente nos
boxes. Ao saber que Hill havia abandonado, não deixou de sorrir, comemorar e
apertar as mãos dos fãs no autódromo. Como se nada tivesse acontecido.
A atitude de Schumacher foi duramente criticada nos dias
seguintes à corrida. No entanto, foi considerada como um acidente de corrida
pelos comissários, o que garantiu seu primeiro título mundial. Porém, os fatos
são curiosos: se tal fato tivesse ocorrido nos dias atuais, certamente o alemão
seria punido; afinal, se a categoria pune pilotos que participaram de disputas
limpas, fazem muito pior com quem claramente causa acidentes de propósito. O
título poderia até mudar de mãos caso tudo tivesse acontecido em 2012.
Foi assim que Schumacher conquistou o primeiro de seus
sete títulos. Mais tarde, em 1997, tentou fazer com Jacques Villeneuve o mesmo
que fez com Hill. Porém, quem se deu mal foi o alemão, que levou a pior na
disputa, abandonou a corrida, perdeu o título e ainda foi desclassificado do
campeonato.
Se não fosse nessa volta, com certeza seria na próxima, ou na próxima. Schumacher estava desesperado por danificar sua suspensão, embora de leve, no muro. Hill teve muita classe, pois o normal seria dar uma biaba no "queixo de mula"! A atitude do alemão foi ridícula, de quem reconheceu sua inferioridade e não havia outro jeito, senão a atitude antiesportiva. Esse alemão é quase um blefe! Nunca mostrou ser bom o bastante em situações adversas. Em condições normais, um ou quase dois dos sete títulos do alemão, seriam de Barrichello. Não é à toa que com sete campeonatos, nunca foi considerado o melhor do mundo, segundo a imprensa internacional. O que o alemão fez com o equipamento que tem em mãos? Andar atrás de seu jovem companheiro de equipe, Nico Rosberg? Na verdade, nem um pódium... Por muito menos, Senna já teria feito com o mesmo carro, algumas poles e outras tantas vitórias na chuva! Não é à toa que duzentos jornalistas do mundo todo, elegem todo o ano, Senna o melhor do mundo desde 1990...
ResponderExcluirSenna fez a mesma coisa anos antes...*
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