Vitória de Fernando Alonso e segundo lugar de Sergio Pérez, piloto ligado à Ferrari, devem acender o alerta após mais uma corrida ruim do brasileiro
Por Leandro Gomes
Rio de Janeiro/RJ
Fernando Alonso foi o vencedor do GP da Malásia. Foto: Ferrari |
Você pode criticar, injustamente ou não, Fernando Alonso
por vários aspectos de sua personalidade. Porém, ninguém pode duvidar de uma
coisa: na pista, é um piloto sensacional, um dos melhores da atualidade e já
apto para entrar na galeria de gênios da Fórmula 1. Sua magnífica vitória no movimentado
e chuvoso GP da Malásia foi um exemplo disso. É bem verdade que o fato da prova
ter sido disputada por um longo período em pista molhada mascarou alguns
problemas da Ferrari, mas ninguém vence uma prova sendo pressionado o tempo
todo e com um carro muito mal nascido em mãos.
E a vitória não foi mesmo fácil, pois Sergio Pérez, com
uma Sauber incrivelmente rápida, teve tudo para tirar a vitória de Alonso. Se
não tivesse cometido um erro a poucas voltas do fim, quando já estava prestes a
tirar a liderança do espanhol, poderia até ter conquistado seu primeiro triunfo
na Fórmula 1. Porém, se sua segunda posição já serviu para impressionar muita
gente, outro piloto terminou GP totalmente desmoralizado.
Afinal, não há como negar: Felipe Massa sofreu um
profundo golpe moral hoje. Não só peloseu desempenho pífio, que o levou a
chegar num distante 15º lugar, mas também porque Alonso ganhou a prova.
Enquanto o espanhol extraiu o possível e o impossível do carro para colocar os
italianos no topo do pódio, o brasileiro sofreu novamente com os pneus, foi uma
presa tão fácil para os adversários quanto um piloto da HRT e teve um ritmo de
corrida muito ruim.É verdade que dirigir o carro atual da Ferrari não é das
tarefas mais fáceis; porém, tudo fica inexplicável quando se compara a sua
performance com a de seu companheiro. Ainda que Fernando seja um gênio, pega
muito mal saber que ambos compartilham do mesmo bólido ruim e conseguem
resultados totalmente opostos.
Mas o golpe moral não acaba por aí, pois Pérez também é
responsável por isso. O mexicano é piloto do programa de desenvolvimento de
jovens pilotos da Ferrari e o mais indicado para assumir a próxima vaga que
surgir na escuderia. Com a atuação de hoje, ápice das ótimas performances que
vinha tendo desde o ano passado, uma dúvida irá pairar sobre a cabeça da
equipe, da imprensa e dos fãs e geral.
Afinal, não seria melhor já pensar em trocar Massa por Pérez?
Ora, o que conta mais: ter como companheiro de Alonso um piloto em franca
decadência ou um jovem sedento e com muito talento a ser aprimorado? O
pensamento pode ser cruel, mas a verdade é que a experiência de Felipe e o seu
longo tempo na equipe não estão valendo de nada para justificar sua presença
lá, e a vitória de um companheiro de equipe, o segundo lugar de outro que tem
tudo para guiar para os italianos e mais uma participação apagada sua
comprovaram mais ainda isso. Os triunfos de Fernando e Sergio mostraram que
gente muito mais qualificada pode dirigir o carro do cavalinho.
O GP da Malásia pode, de fato, significar o começo da
demissão de Massa. Se ela virá no meio ou no final da temporada, não dá para
saber; tudo dependerá justamente do ritmo do brasileiro na pista. No entanto, é
fato que uma coisa ficou clara: não dá mais para perder tempo esperando a sua
recuperação.Por mais que ele seja mal nascido, também não é digno de passar as
duas primeiras provas muito distante dos pontos.
No entanto, a corrida não se restringiu somente a esses
três pilotos; há outros pontos a serem comentados. É impossível, por exemplo,
não criticar o erro cometido por Jenson Button. Se não tivesse se equivocado ao
tentar colocar uma volta em Narain Karthikeyan e acertado sua traseira,
danificando o bico de sua McLaren, provavelmente teria vencido o GP. É quase um
consenso geral que não cometerá mais erros primários como esse; porém, é
inegável que deve servir como um aviso de cuidado para o inglês, pois os pontos
que não conquistou hoje podem fazer muita falta lá na frente.
Contudo, decepção não chega a ser a palavra certa para
classificar a corrida de Button, e sim para criticar o desempenho da Mercedes,
que só conseguiu um mísero ponto com Michael Schumacher. O carro é bom? É ótimo
— talvez esteja até a frente da Red Bull, que novamente foi discreta, e atrás
somente da McLaren. Porém, além de seu potencial não estar sendo totalmente
utilizado, consome pneus muito facilmente, o que rapidamente estragou a corrida
de Nico Rosberg e seu companheiro hoje — afinal, era nítido que eles não
conseguiam segurar ninguém na pista, tamanha dificuldade
para controlar a queda de desempenho do bólido. Os alemães precisam reagir logo
ou serão rapidamente a decepção do campeonato.
Por último, além da lembrança à ótima corrida de Kimi
Raikkonen, que chegou em 5º, um elogio a dois jovens que conseguiram grandes
resultados hoje. Bruno Senna e Jean Éric-Vergne se saíram muito bem e
terminaram em 6º e 8º, respectivamente. O rookieda ToroRosso merece elogios,
mas a verdade é que Bruno se destacou mais ainda. Ao meu ver, foi um dos
melhores da prova, assim como Alonso e Perez. Sua prova de recuperação, após
cair para último na primeira volta, foi sensacional. Sua Williams estava
rendendo muito bem e o brasileiro conseguiu muitas ultrapassagens na pista sem
cometer erros. O veloz Pastor Maldonado é um companheiro de equipe muito forte,
mas o cartão de visitas do sobrinho de Ayrton foi excelente. Se for constante e
conseguir mais bons resultados do tipo, certamente irá conquistará prestígio e
seu lugar na escuderia.
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