Adriano e Ricardo Teixeira são frutos de uma sociedade análoga
e paradoxal.
Daniel
Junior - @dcostajunior
Rio
de Janeiro - RJ
Blog Kleber Otuki Arashi |
Nosso
Brasil é um país morde-e-assopra. Daqueles que se contenta com o passado
recente e perdoa o presente presente, se é que você me entende. Os paradigmas
do eleitor/cidadão/indivíduo são firmados sob a base do seu interesse, tipo,
caso alguma mudança repentina de opinião lhe seja favorável, ele está dentro,
sem qualquer tipo de timidez e irá arranjar todo e qualquer tipo de argumento
para fundamentar seu novo conceito.
O
dia 12 de março entra pra história do futebol brasileiro como aquele que “expulsou”
do poder Ricardo Teixeira, após 23 anos de imperialismo quase tirano, que
destratou o esporte bretão em nossas cercanias, como quem destrata e amaldiçoa
indesejados. Por iniciativa própria, o mandatário que já estava sob licença médica,
surpreendeu o mundo do esporte e deu adeus em uma carta melancólica, na qual
evoca glórias das glórias do campo e rechaça absurdos, das quais foi responsável
- mor.
Nosso
Brasil é capaz de ver um rei-morto reinar sob o trono, criticar seu reinado,
suas leis e não fazer ABSOLUTAMENTE nada. Não fosse a proximidade da Copa do
Mundo e o pulular dos crimes fiscais nas quais está envolvido, este mesmo
morto-rei, estaria hoje em sua sala de troféus choramingando os pouquíssimos
louros que recebe nos êxitos da CBF e/ou seleção. Mesmo assim, nas redes
sociais, a sociedade virtual comemora como se fosse responsável por tal
delirante vitória. Não foi. Sua saída é circunstancial e felicíssima, mas não
tem qualquer relação com alguma pressão pública, manifestação viral ou coisa
que se sustente. Quem tirou Ricardo Teixeira do poder foi Ricardo Teixeira.
Do
outro lado do Rio, a maior torcida do País comemora a possível (?) vinda do
Imperador para re-edição do “Império do Amor”, já que o Corinthians, que pensou
trazer um “novo Ronaldo”, na verdade, trouxe um velho problema. Adriano não é atleta
desde muito tempo. Quem sabe, desde 2009, seu último êxito profissional no
Brasil. Sim! Um jogador de futebol que fará três (!) anos sem jogar em alto nível,
sob a vigilância da balança e sem importar-se com seu futuro e presente, uma
mescla indissolúvel. Mesmo assim, não lhe sobram desejos, sonhos e esperanças
de vários corações rubro-negros.
Nossas
doenças sociais parecem infestar os noticiários, sob todas as máscaras que conhecemos
e se engana muito quem não faz qualquer tipo de associação entre as paixões
futebolísticas e os nossos problemas tantos. Acreditamos em provérbios certos
em ambientes errados, cremos em ditos que enchem nosso ego de satisfação e
fetiche, mas pouquíssimo fazemos pela nação. Ao abençoarmos a esperança de quem
não acredita em si mesmo (Adriano) e celebrarmos uma vitória que é tão pequena
e tola, se pensarmos que por nossas forças, ele (Ricardo) não sairia dali,
chego à conclusão que estamos ainda no mesmo lugar. Parados.
* verso de "Perfeição" - Legião Urbana
* verso de "Perfeição" - Legião Urbana
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