Morre aos 80 anos Chico Anysio, humorista e comentarista esportivo
Vascaíno fanático, Chico foi comentarista esportivo e já
entrou em polêmica defendendo seu time de coração
Por Caio Caetano
Rio de Janeiro/RJ
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o mestre do
humor, morreu aos 80 anos nesta sexta-feira no Rio de Janeiro.
Chico foi humorista, ator, dublador, escritor,
compositor, pintor e comentarista esportivo. Isso mesmo, comentarista
esportivo.
Apaixonado pelo esporte, Chico comentou as eliminatórias
da Copa do Mundo de 1990 e a própria Copa na Globo. Veja no final do texto o
vídeo da chamada da partida Brasil x Chile com a participação de Chico.
O mestre do humor também fez vários personagens
relacionados ao futebol, como Alberto Roberto e o “craque” marrento Coalhada.
Veja no final do texto um vídeo de
Alberto Roberto, personagem de Chico, entrevistando Galvão Bueno.
Defendendo
o Vasco contra possível perseguição da mídia
Felipe, ídolo e atual jogador vascaíno, em 2004 era a maior estrela do
Flamengo e fazia uma temporada espetacular. Mesmo jogando menos do que
anteriormente jogava no Vasco, a mídia comparava Felipe ao Garrincha.
Para a decisão do estadual, entre Vasco x Flamengo, o
volante Coutinho era o escolhido para marcar Felipe. Durante a semana, Geninho, técnico do Vasco na época, foi flagrado nos treinos dizendo aos berros
para Coutinho: “Pega, pega...”, no intuito que Coutinho apertasse a marcação no
coletivo que antecedeu a decisão.
A frase foi talvez mal interpretada pelo jornalista, declarado
Flamenguista, Renato Maurício Prado que passou a semana pressionando o árbitro
da partida, afirmando que Geninho estaria orientando Coutinho a usar a
violência.
O RMP também teve o apoio de outro jornalista flamenguista,
Fernando Calazans.
A pressão parece ter surtido efeito, pois Coutinho fazia
uma marcação totalmente legal, sem usar o recurso da falta. Irritado com a
marcação, Felipe se jogou no chão, em uma falta inexistente marcada pelo
árbitro, e pediu cartão amarelo para o jogador do Vasco. Atendendo a reclamação
de Felipe, o árbitro aplicou o cartão ao Coutinho, deixando-o pendurado.
No segundo tempo, Coutinho fez uma falta, enfim para
cartão amarelo. Como já havia levado o primeiro cartão amarelo de forma incorreta,
o volante foi expulso e facilitou a vida do Flamengo, que sagrou-se campeão
carioca.
Vascaínos ficaram revoltados com a vitória do Flamengo. Não foi diferente com Chico Anysio, que fez um texto indignado com Renato
Maurício Prado, Calazans e até com o amigo Galvão Bueno.
Veja
o texto na íntegra:
“O jogo de futebol do domingo, no Rio, ao mesmo tempo que deu o título
ao Flamengo, nos mostrou com maior claridade duas coisas: a primeira, que o Vasco jogou contra o
Flamengo, como eu sempre supunha e não contra o Felipe, como imaginava a nossa
clarividente crítica esportiva. O Felipe não foi nenhuma diferença e isto é o
lógico, porque ele está tão perto do Garrincha quanto eu do Tony Bennett.
A segunda coisa foi melancólica, porque eu me acostumei a comentar jogos
desde os 17 anos de idade e sempre fiz o máximo para não deixar interferir nos
meus comentários minha preferência por um clube ou pelo outro. E sempre
consegui. Nesta semana de uma final, no Rio, como sempre aconteceu, surgiram
coisas que foram faladas, prometidas, ameaçadas etc.
Tudo isto existe para ser minimizado pela crônica, porque não é papel de
um jornalista aumentar um fogo que ainda nem se sabe se será aceso. Fernando
Calazans e Maurício Prado, dois cronistas do Flamengo que recebem um salário do
jornal 'O Globo', passaram a semana inteira incitando o árbitro contra os
defensores do Vasco, colocando as coisas de modo que
à primeira falta sobre o Felipe fosse dado um cartão amarelo e, posteriormente,
o vermelho.
É claro que o time dos prestigiados cronistas, quando era bom, nos
tempos de Mozer, Andrade, Adílio, Zico e Tita, podia abrir mão deste expediente
feio, para usar o mais lindos dos adjetivos. Não se promove uma partida
atirando o árbitro contra os jogadores do time adversário, pois isto, na
dependência do que ocorrer no jogo, pode causar um grande problema com as
torcidas e não é exatamente este o dever de um cronista esportivo. E não nos
esqueçamos de um agravante: no atual estágio do nosso futebol, nem os times e
nem os árbitros prestam.
O Flamengo venceu, o Vasco teve um jogador expulso (por causa do Felipe), mas os dois cronistas rubro-negros do 'Globo', são, para mim, figuras expúrias porque apesar de não serem mais crianças, ainda não aprenderam a ter um bom comportamento de adulto. O que eles fizeram foi coisa de meninos sem responsabilidade; se eles não são isso, já sei o que são: pífios. Quanto à transmissão do Galvão Bueno, ele poderia ser mais honesto e vestir uma camisa do Flamengo.
Ary Barroso fazia isso e era
genial. É melhor ser francamente torcedor de um time do que ser do tipo desses
de quem eu falei. A cada dia que passa mais eu louvo o Washington Rodrigues,
que já foi até treinador do Flamengo e comenta sem torcer. É difícil, porque
para isso precisa ter talento”. Chico Anysio
Domingo de homenagens ao mestre
do humor
Neste domingo, times como
Palmeiras, Vasco, Fluminense, Fortaleza e Ceará fizeram homenagens ao Chico.
Times de Palmeiras e Vasco entraram com
cada camisa com um nome de um personagem diferente do humorista.
Jogadores do
Fluminense comemoraram o gol ao estilo “Professor Raimundo” em um gesto famoso.
Já no clássico nordestino, entre Fortaleza e Ceará, ambos os times entraram com
uma faixa em campo.
Vídeos:
Chamada com participação de Chico Anysio:
Alberto Roberto entrevistando Galvão Bueno:
Esse texto foi uma homenagem ao mestre do humor. Que Deus o tenha em um local totalmente alegre para que ele se sinta em casa.
CHICO ANYSIO : 1931 - 2012
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