O esporte bretão é o único
que proporciona muitas chances para os profissionais irregulares.
Daniel Junior - @dcostajunior
Rio de Janeiro
Skyesports |
Se você for um medíocre funcionário
(que não trabalhe nas tetas do governo), sua reputação cedo ou tarde chegará até
seus superiores. Não importa o quanto você foi útil, competente, divertido,
interessante, proativo. Seu estado atual é quem diz quem você é. Inclusive, você
pode ficar marcado negativamente, se tornar-se um reclamão, um disseminador de contendas, um leva-e-traz e outros “atributos”
que o cansaço da lida pode lhe trazer.
No futebol, você já deve ter
reparado que as coisas funcionam de maneira diferente. Pra começar, se você
trabalha em uma grande empresa (clube), é bem possível que, mesmo no seu período
de estágio, você consiga um salário
de 10 a
20 mil reais, nada mal se levarmos em consideração que você está começando sua
vida profissional agora.
Sua competência será medida muito
de acordo com a filosofia do seu gerente (técnico). Vai depender dos objetivos
e projetos e obviamente, das suas escolhas antes de chegar até ali. Se você for
um meia, que protege a zaga dos avanços dos meias adversários, ou como se
costuma dizer, é um volante de contenção (nome chique para o antigo cabeça de área),
por exemplo, não precisa de diploma, certificações, especializações, cursos de
aperfeiçoamento, falar outro idioma ou coisa que valha. Seu poder de “destruição”
pode lhe conferir um elogio paradoxal: você pode ser um carregador de piano ou
quem sabe, ainda sobrecarregar-se a função de “ladrão de bolas”. Se sua firma
for top mesmo e você tiver uma
oportunidade na Seleção Brasileira, ou mesmo nos sub- da vida, seu salário pode
ter picos de 70 a
100 mil reais.
Nas funções hierárquicas acima da
sua, o mesmo pode acontecer com os “professores” à beira do campo. Um técnico,
mesmo que não tenha apresentado um trabalho consistente nos últimos cinco anos,
carrega a fama de “vencedor” e “papa-títulos” quase que pra sempre.Mesmo que
estes ganhos tenham ocorrido em décadas passadas e, profissionalmente, este
mesmo colaborador, já possa ter seus métodos ultrapassados por jovens
concorrentes no mercado. Alguém acha que V. Luxemburgo ganha menos que 300 mil
reais (salário considerado razoável para os parâmetros do futebol) por seus
fiascos derradeiros? Fica a lembrança de técnico cinco vezes campeão
brasileiro, “projetista” e de grife, com experiência internacional.
Em qualquer campo de atuação
corporativa, sua competência e eficiência passarão por julgamentos (alguns até
vexatórios) e podem custar seu emprego, auto-estima, gerar dúvidas quanto à sua
eficácia, mexer com sua vida sexual, proliferar suas dívidas, ruir sua família
e até levar a conseqüências mais radicais do que as citadas.
No futebol, o ruim de hoje, pode
cair como uma luva amanhã. O fraco da zaga pode ser a solução defensiva para um
time do interior. O temperamental atleta pode ser um dos responsáveis por
trazer mais calma a um momento turbulento de uma equipe.
No futebol tudo é diferente, até
as diferenças.
Tem um filme muito bom cujo título se encaixa PERFEITAMENTE neste texto: uma verdade inconveniente.
ResponderExcluirMandaste bem demais Mr. Daniel Jr!
Congratulations!
Na verdade é um documentário. Não deixa de ser um filme, só que sem ficção e personagens. Ou seja, o encaixe com o texto é perfeito e completo.
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