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E se “Desbayernizarmos” ?


Em hipotética exclusão de base forte do Bayern, sobreviveria em alto nível essa Alemanha?
 
Luiz Guilherme de Almeida
Belo Horizonte -MG

Nationalelf continuaria em alto nível?
Falar que a atual seleção da Alemanha joga um futebol de altíssimo nível, todos nós sabemos, é aquela pauta mais que batida. Ou que sua renovação foi e ainda tem sido feita de forma eficaz também já foi discutido em qualquer resenha, pelo menos duas vezes. Entretanto, um dos principais fatores que tornam essa Alemanha tão forte ainda não foi colocado em cheque. E ele sempre esteve aí, na nossa cara, mas pouco debatido. Talvez por não ter o mesmo brilho da fusão Barcelona-Espanha. Errado, ele tem sim.

A Alemanha hoje é uma seleção fortíssima que conta com uma base igualmente sólida do clube mais tradicional do país, o Bayern de Munique, grande sustentação dessa seleção que alia segurança, eficiência, ofensividade e movimentação. Aspectos igualmente vistos pelos lados da Baviera. Se a solidez do clube e das peças é transportada para a seleção, pensando ao inverso conseguimos alavancar algumas reflexões. Como então seria a Alemanha sem toda essa “Bayernização”  que a sustenta? Teria a mesma força? E seu estilo tão competente, permaneceria? Seus prós e contras, se equivalem? Abaixo, os principais aspectos dessa “desbayerrnização” serão abordados.

Tático

Löw ainda teria um grande elenco nas mãos
O mais incrível é que, do ponto de vista tático, mesmo com mudanças cruciais, o Nationalelf teria totais condições de jogar um grande futebol. Dos 11 titulares atuando na Euro 2012, 7 jogam pelo Bayern de Munique, o que pesa muito em uma seleção nacional. Todos os setores da equipe seriam afetados pela exclusão do futebol bávaro, mas ainda sim sobreviveria em alto nível. A Alemanha atua em um 4-2-3-1, sendo o esquema que ela mais rende. Sem os jogadores do Bayer, o técnico Joachim Low não precisaria necessariamente abandonar tal formação, mas teria que fazer ajustes.

Tiremos Neuer do gol, Boateng e Philip Lahm das laterais, Badstuber do miolo de zaga, Schweinsteiger da volância, Thomas Muller da meia ofensiva e Mario Gomez do comando de ataque. São senhores desfalques, mas...

Tim Wiese ou Ron-Robert Zieler fariam bons papéis pelo que mostram em seus clubes.

Pelas laterais, os primeiros ajustes. Na direita Lars Bender assumiria o posto de Boateng. Mesmo sem encantar, Boa é um bom lateral-defensivo, assim como Bender mostrou-se ser. O ajuste viria em uma maior ofensividade que o segundo parece mostrar ter de melhor que o companheiro. Como um ponto pró, Bender ataca bem e sabe recompor pelo meio-campo, sua posição de origem. Já na esquerda, tarefa árdua para Marcel Schmelzer. Substituir a segurança defensiva absurda que dá Philipp Lahm ao esquema alemão, além da veia ofensiva consciente do capitão não é fácil. Mas Schmelzer também jogou muita bola pelo Borussia Dortmund nessa temporada e teve destaque na cobertura e ofensivas aurinegras. Não joga como Lahm, mas é uma excelente reposição.

Na zaga Benedikt Höwedes poderia se tornar até melhor opção que Badstuber. Com versatilidade, o zagueiro do Schalke atua em todos os setores defensivos e apresenta ótimo desarme e passe. Apesar da notória evolução, Badstuber ainda comete certos erros de posicionamento. O fato é que jogar ao lado de um zagueiro como Mats Hummels deve ser mais fácil.

Na volância, a grande alteração alemã sem a base do Bayern é sem dúvidas a perda de Schweinsteiger. Sem ele, a equipe passaria a ter seu ritmo de jogo alterado por completo, tanto em intensidade, quanto em cadência. Talvez o único jogador que poderia se aproximar dessa função “termômetro” de Schweini seria Toni Kroos, que também atua pelo Bayern. Nesse cenário, Löw poderia reajustar sua equipe com a entrada de İlkay Gündoğan ao lado de Khedira. Perderia muito no controle e leitura do jogo e principalmente na armação, mas ainda teria Özil para tal função, além da entrada de um jogador com bom toque de bola e que arma por vezes. Mas a perda é grande aqui.

Se Gündoğan não for a opção, Löw pode também optar pela entrada de mais um atacante, o que mudaria radicalmente seu plano tático. Benéfico à primeira vista, jogar com dois atacantes, eliminaria uma proteção à defesa a menos, deixando Khedira sobrecarregado. Contudo, a Alemanha passaria a atacar com ainda mais força bélica, o que se bem trabalhado no quesito recomposição sem a bola, poderia dar muito certo também.

No lugar de Thomas Muller, o excelente Marco Reus mostrou que chega para assumir uma vaga, tornando o setor ainda mais leve, técnico e móvel. Müller cumpre função tática com êxito, mas o fato da revelação da Bundesliga estar voando, tem colocado a dúvida na cabeça de Löw. E ainda estão Mario Götze e André Schürrle sentados no banco esperando por mais minutos.

Já sem Mario Gomez, o substituto natural seria Miroslav Klose, que táticamente é melhor que Gomez, contudo ambos tem um faro artilheiro impressionante. Se equivalem quando requisitados.

Material humano

Mesmo com a saída dos jogadores de Munique, Joachim Löw pode se considerar um cara de sorte. Continuaria tendo em mãos um elenco bastante forte e muito versátil, o que continuaria a lhe proporcionar excelentes alternativas táticas e possíveis mudanças de padrão.

Isso tudo sem contarmos com jogadores que estiveram na pré-lista da Euro ou ficaram pela Bundesliga mesmo. Nomes como Marc-Andre ter Stegen, Tony Jantschke e Roman Neustädter (Borussia Monchengladbach), Aaron Hunt (Werder Bremen), Stefan Kießling (Bayer Leverkusen), Kevin Großkreutz (Borussia Dortmund) e Lewis Holtby (Schalke 04) nem foram lembrados, apesar do futebol consistente da temporada passada.

Uma questão de estilo

Marco Reus já pede passagem.
Sem o peso do estilo e entrosamento vindo do Bayern, Joachim Löw poderia pincelar com outros a sua seleção. Com jogadores vindo do campeão Borussia Dortmund, principalmente do meio para frente, Löw poderia trabalhar ainda mais a movimentação ofensiva e aprimorar o já mortal contra-ataque alemão. Mario Götze e Marco Reus cairiam pelas pontas do trio de meias de forma ainda mais incisiva, como fizeram pelos seus clubes e farão na próxima temporada juntos (Reus acertou com o Borussia).

Vindos do Schalke, Benedikt Höwedes e Lewis Holtby encorpariam a zaga e o meio e ainda acrescentariam boa técnica aliada a versatilidade ao esquema.

Outros jogadores teriam que encaixar ao estilo da seleção e talvez mudarem a forma de jogar. Apesar da movimentação tática, o estilo alemão tem cara definida e é extremamente bem empregado, exigindo certos “sacrifícios” como Lukas Podolski faz por vezes.

Conclusão

Contras
No aspecto tático, a saída da base do Bayern enfraqueceria de forma contundente a seleção alemã na principal peça de transição e fluxo de seu jogo. Sem Schweinsteiger a equipe perderia demais tanto ofensiva quanto defensivamente, dada diferenciação e função tática que o principal jogador do time tem.
Outro ponto negativo seria o entrosamento que é visto na seleção alemã, fruto dessa base. Sem ela, exigiria um trabalho bastante árduo de Löw para dar a mesma liga de algo perto do até então aproveitado. Um dos fatores dessa seleção alemã ser muito além de outras é o fato dela já vir com o “pacote meio completo”. Ter uma seleção montada com tamanho entrosamento é  privilégio de poucos como os germânicos e a poderosa Espanha.
Löw teria que trabalhar bastante para ter o mesmo equilíbrio tático que obtém com os atletas do Bayern de Munique. Apesar de ser totalmente viável a montagem de uma seleção forte, os ajustes teriam que ser cruciais. Ter a mesma segurança defensiva e a compactação das linhas na recomposição, somada à intensa movimentação ofensiva é algo que não vem de graça ao se trocar mais de meio time. Requer readaptação e consciência tática de todos bem atribuídas.
Sem os jogadores do Bayern, a equipe alemã ficaria ainda mais jovem e poderia sentir falta de uma boa dose de experiência dentro do campo. Sendo jogadores pilares do esquema, as saídas dos mesmos implicaria na incumbência das responsabilidades a outros jogadores que ainda precisam de mais cancha internacionalmente para assumirem papéis tão fundamentais.
Prós

Em todos os outros setores (não incluso o papel de Schweinsteiger), ao menos no plano hipotético, as reposições fazem jus por estarem ali e desempenhariam papéis parecidos com os jogadores do Bayern, com Löw promovendo ajustes clínicos para continuar tendo o mesmo alto rendimento.

É um elenco diversificado e muito versátil. Sem o peso dos jogadores do Bayern a Alemanha ainda sim teria inúmeras alternativas para continuar jogando bom futebol. Os diversos nomes do futebol alemão permitiriam a Löw testar outras formas de se jogar. Apesar do “romantismo” em pensarmos que sem a base do Bayern a Alemanha não seria o que é, ela tem sim material humano para impor seu estilo e continuar atuando forte.

Do ponto de vista tático, Löw teria também outras formas diversas para estruturar a equipe, como optar pela entrada de mais um atacante, atuar com somente Khedira na proteção e aumentar sua força ofensiva, etc. A possibilidade de outro esquema tático também não seria descartada, apesar de ser arriscado mexer em algo que vem dando muito certo.
Uma seleção extremamente jovem nas mãos pode ser algo perigoso como também positivo. Apesar da falta de conquistas, ter a base ainda mais jovem para se trabalhar ao longo dos anos faz a possibilidade do amadurecimento de toda uma nova geração aumentar suas chances mais adiante. Lapidar esses mesmos jogadores jovens poderia render resultados agora e continuar rendendo pelos próximos anos.

A conclusão que fica é de a Alemana, mesmo sem a base do Bayern de Munique, teria sim condições de permanecer forte e em alto nível. A incrível safra de jogadores e o bom futebol praticado em casa favorece à uma situação como essa que, mesmo sendo hipotética, poderia dar certo, com testes, ajustes e manutenção de um estilo. Mas é fundamental ressaltar também o quanto ela perderia e teria que se adaptar à tal situação. Remover um pilar de sustentação tão importante como esse seria um processo arriscado e poderia mudar completamente o rumo dessa Alemanha. O fato é que se Joachim Löw pudesse ler essa coluna, provavelmente olharia para o céu e agradeceria por essa ser apenas uma situação hipotética. 

E você, o que acha sobre?

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