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Verdadeiros ídolos sempre souberam da sua grande incumbência desde que nasceram; serem ídolos.

Alessandro Del Piero se despede e deixará saudades. Verdadeiros ídolos jamais se perderão.

Luiz Guilherme de Almeida
Belo Horizonte - MG


Del Piero e Juventus se misturam
Foto: Site Oficial
Todo menino apaixonado pelo esporte rei começa desde cedo a construir sua base de ídolos, aqueles que nos marcam logo na infância e que jamais serão esquecidos. Jogadores que de uma forma ou outra, craques ou não, deixaram grandes lembranças para nós, seja nos campos ou na vida, indiferente das suas idades. Essa romântica relação é talvez uma das mais subjetivas que o futebol pode proporcionar uma vez que meu ídolo nem sempre será o seu e vice-versa. Você poderá até odiá-lo enquanto eu o idolatro.  Curiosa relação.

Recordando a minha época de garoto, parto dos meus seis anos e as primeiras lembranças que tenho sobre futebol. Os momentos marcantes, os primeiros interesses, os gols pela televisão. É com saudade que me pego lembrando disso tudo. Saudade porque de uma forma tenra e até mesmo inocente você começa a admirar aqueles boleiros que lhe servirão como pilares no esporte, jogadores com quem você estabelecerá essa ligação romântica muito além da bola na rede ou da defesa precisa. Você seguirá atentamente, os defenderá nas discussões entre amigos e os colocará em evidência mesmo que estejam em baixa. Esses caras servirão como parâmetros para sua visão do esporte, modelos fora dele.Verdadeiros ídolos marcam e cativam profudamente, adquirem seu respeito sem nem mesmo pedirem por ele, sem nem ao menos saber que existe você. Entretanto eles sabem que correm por outros tantos além dos próprios em campo.

Os verdadeiros ídolos sempre souberam da sua grande incumbência, desde que nasceram; serem ídolos. O tempo é uma convenção que não existe para o craque, nem para a mulher bonita.

Hoje possivelmente veremos a despedida de um dos gigantes de sua época. Aos 37 anos, Alessandro Del Piero entrará em campo na decisão da Copa da Itália entre Juventus e Napoli vestindo pela última vez a camisa bianconeri. Uma carreira inteiramente dedicada à um clube gigante, tendo a sua história quase que confundida com a do mesmo. Exemplo de amor incondicional; na ruína e nas vitórias ele esteve lá. Encarnou todo e qualquer torcedor da Juve e da seleção italiana nas suas 796 partidas oficiais. Foi brilhante; deu títulos e alegrias. Teve momentos ruins, lesionou-se e falhou em oportunidades.

Mas, acima de tudo fez duas coisas com rara excelência: representou uma história em 18 anos de carreira, foi ídolo incontestável por tudo que fez. E marcou gols, muitos gols.

Ale foi um jogador de rara versatilidade, jogou em todas as posições de ataque com elegância. Essa, notável em seu futebol. Dotado de uma categoria incrível, foi letal dentro da área e brilhante fora dela. Armava quando precisava, definia como sempre. Foi um jogador explosivo, espontâneo em campo, parecia sempre saber onde estar e como proceder. Umas das características mais marcantes da minha admiração por Del Piero sempre foi a segurança que ele passava ao jogar. Com ele em campo, a técnica sempre nos brindou com alguma solução inesperada ou uma jogada capaz de trazer a Juventus de volta. Foi preciso nas bolas paradas, colocava como poucos uma falta no ângulo ou um penalti na gaveta.

Del Piero jogou, entre Juventus e Azurrra, 795 partidas oficiais. Anotou 320 gols, quebrou recordes, conquistou inúmeros prêmios individuais, venceu 21 troféus. Foi campeão do mundo, decisivo. Em especial, pela sua segunda pele, ele é o jogador que mais atuou na história do clube, com 703 partidas, além do maior artilheiro com 289 gols. Foi 18 vezes campeão com a camisa preta e branca.  Quando punida com o rebaixamento à série B pelo esquema da manipulação de resultados no Calcio – Calciopoli de 2005-2006 -  ao contrário de jogadores como Zlatan Ibrahimovic, Fabio Cannavaroe Lilian Thuram que decidiram em sair de Turim, Del Piero afirmou que ficaria, seria o capitão e ajudaria na promoção da equipe. Na época disse que os torcedores da Juventus mereciam isso.  Foi o grande nome da campanha de acesso com 20 gols e carregou a equipe durante toda a temporada. 

Ale deixa a Juve campeão
Foto: Site Oficial
Números que ratificam o quanto o nome de Del Piero foi e é importante na história do clube, o quanto seu nome representa a própria Juventus. Fora de campo é ainda mais marcante. Emprega seu nome e seu dinheiro em fundações que prestam suporte e combate ao câncer na Itália.  Nessa temporada, após o título invicto do Calcio conquistado pela Juve, lançou uma carta pessoal contendo agradecimentos de forma nominal à todos os jogadores e integrantes da comissão técnica presentes na campanha do acesso e na campanha do scudetto. Pediu também para não ter a sua camisa 10 aposentada pela equipe, mostrando humildade. Ícone em todo país pelas suas ações, por simbolizar tanto o futebol italiano.

Ser ídolo hoje é tão simples! Requer menor esforço, menos gols e até menos futebol. Cabelos espetados, chuteiras coloridas, dancinhas na comemoração, o enfadonho beijo no escudo. Tudo isso passou a ter uma relevância enorme para os jogadores atuais. Prefiro o estilo pragmáticos de ser ídolo dos “velhotes” como Ale, que ainda esbanjam futebol, que carregam nas costas tamanha história com tanta capacidade.

Sempre fui cativado pelos verdadeiros atacantes. Daqueles que só pelo peso de seus nomes já causam medo nos adversários. Daqueles que mesmo em má fase, machucados, cansados ou no auge do seu brilho sempre estão ali presentes, incomodando, marcando gols. Del Piero me cativou ainda menino. No ano de 94 , que vi o Brasil ser tetra campeão do mundo e marco como o início da minha paixão por futebol, me lembro de um gol do então recém chegado Del Piero, na data de 4 de dezembro 1994 : Juventus 3 x 2 Fiorentina. Del Piero marcou o terceiro, na incrível virada do placar, já que a Juve perdia por 2×0. Começava ali toda a admiração que o nome Del Piero me causa até hoje. O gol você vê abaixo.

Del Piero deverá sair da Juventus ao que tudo indica. Ele afirma ainda ter gás para jogar mais, mas a comissão parece não querer contar com ele. Foi um coadjuvante nessa temporada e mesmo assim marcou gols importantíssimos. Já surgem boatos de outras equipes que querem sua contratação, mas eu particularmente acho que Ale deveria parar agora, brilhando ainda, como campeão, com sua famosa língua para fora. Terminar sua história no futebol onde ela precisa terminar, na sua casa, com a sua segunda pele bianconeri.  Agradeço a ele pelos anos de idolatria. Por ter contribuido enormemente para que a minha paixão por futebol ficasse maior,  a cada gol que marcou, a cada título que venceu, a cada ação como a de 2005. Por ter sido ídolo e saber cumprir sua incumbência com perfeição. Parafraseando Nelson Rodrigues, Del Piero brilhou antes mesmo de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto falante, no intervalo. Em último caso, poderá jogar de casa, até pelo telefone.

 

2 comentários:

  1. Infelizemente, voce não ver isso no Brasil, praticamente o berço do futebol e até pouco tempo atrás , eramos a maior escola do futebol, nunca vi um jogador brasileiro só jogar por toda sua vida e carreira no mesmo clube, lá fora, temos o caso do Totti, o propio Ale, Giggs, efim, lá fora temos a certeza que eles respiram mais a paixao pelo clube do que aqui, a pratia da chuteira.

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  2. Juninho joga por amor. Marcos jogava por amor. Ainda temos uns que salvam aqui no Brasil!

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