health

[automobilismo] [bleft]

Technology

[futebol][bsummary]

business posts

[futebol][twocolumns]

[ENTREVISTA] Rica Perrone dispara: “Não gosto de TV, acho fama um saco e sempre corri disso.”


Descontraído, irreverente e com muito bom humor, o jornalista Rica Perrone se mostrou sem papas na língua e falou dos mais diversos assuntos acerca do futebol e da vida 

Luis Felipe Barreiros
Rio de Janeiro - RJ

“33 anos, casado, bonito, alto, forte, craque no vídeo game, humilde e muito bem humorado. Um paulista ‘paga pau de carioca’, torturador de argentinos em discussões esportivas e, para os modernos ‘Zé ONGs’, um babaca politicamente incorreto”. Há quem diga que a melhor descrição é aquela que fazemos de nós mesmo e é assim que o nosso entrevistado qualifica-se.

Conhecido por textos um tanto quanto polêmicos, inteligentes e engraçados, o sincero jornalista Rica Perrone, que afirmou preferir dinheiro à status, abre o jogo sobre sua carreira, gostos, os prós e contras da internet, a forma como enxerga o jornalismo esportivo no Brasil, e muito mais.

Confira, com exclusividade no LEITURA ESPORTIVA, a entrevista com Rica Perrone e evite – como ele mesmo fala – o desperdício em não conhecê-lo:

(Wilson Oliveira) Você acredita que o futebol brasileiro precise melhorar em alguns pontos? Se sim, qual ponto você considera mais imediato?

Em vários. Especialmente na idéia do que é futebol brasileiro e o que é futebol de resultado. Precisamos pedir a volta do nosso futebol. 

(Caio Caetano)
Você já disse gostar mais do futebol do Rio de Janeiro. Entretanto, até que ponto você acha que a falta de planejamento e a falta de CT's, pode prejudicar um time do Rio?

Prejudica uma dose razoável. Mas é cultural. O carioca é menos profissional, menos formal. Em tudo! Não adianta mudar um povo por causa de um jogo. Futebol no Rio ainda é lazer. E eu gosto disso. Se fizerem o CT, ok. Se tratarem como negócio, vira SP. E ai, acabou adesivo no carro, bandeira na janela...


(Vinicius Lorenssete de Brino)
Você já disse que acha o Guarani maior que a Ponte e o Botafogo-SP maior que o Comercial-SP, mas e entre os doze grandes, dá pra dizer que algum rival é maior que o outro?

Não. São fases. O Flu outro dia era da Série C. Olha aí hoje... O Santos foi quase Portuguesa pós Pelé. Olha hoje. Time grande vai e volta. O Galo e o Botafogo vão voltar, e não vai demorar. Fases não determinam o tamanho de ninguém. No final das contas, um depende do outro. São 12 gigantes.

"É duro ler um cara dizer que quer que você tenha câncer por discordar dele sobre um pênalti"
(Wilson Oliveira) Você é a favor ou contra um estrangeiro treinar a Seleção Brasileira? Por quê?

Contra. Seleção nacional seleciona os melhores de uma nação. Ponto. 

(Caio Caetano)
Você não gosta de futebol europeu por qual motivo?

Eu não assisto. Só os clássicos. Não é que não gosto. Não acho graça, não torço, não me envolve. É um aquario. Só pra olhar, não pra viver, chorar, torcer.

(Raphael Saavedra)
Você pretende trabalhar diretamente com televisão no futuro?

Não. Já recusei diversas oportunidades, não gosto de TV, acho fama um saco e sempre corri disso. Já deixei muito amigo chateado por eu não ir em programa e já passei até por estrelinha por recusar. Mas não me atrai. Posso ir? Posso! Desde que valha minha paz. Ela tem um preço. Se me pagarem este valor, eu vou.

(Diego Henrique Carvalho)
É sabido que você torce para o São Paulo. Você é o mesmo são-paulino que antes de se tornar jornalista? Se houve alguma mudança, qual foi? O que mudou na sua relação com o futebol? A paixão diminuiu? Aumentou?

Sou um são-paulino pra mim só. Não escrevo mais como são-paulino, não é justo com os meus outros leitores. Quando escapa, assumo desde o começo do texto que ali vai um torcedor. E é simples. Meu chefe não vai brigar. Ele me entende. Hahaha.

(Vinicius Lorenssete de Brino)
Para quem trabalha muito com a internet, que é o seu caso, é difícil lidar com o público, que muitas vezes fala sem pensar e/ou põe a paixão acima da razão?

Normal, cara. Enche o saco, é duro ler um cara dizer que quer que voce tenha cancer por discordar dele sobre um penalti. Mas é preciso saber que essa paixão que cega é a que vende você pro mercado.

(Caio Caetano)
Qual seu maior ídolo no futebol?

Zico e Romário.

(Wilson Oliveira) Você realmente não gosta de nada relacionado à Argentina ou faz isso apenas para apimentar os debates?

Só com futebol. Aliás esporte em geral. Torço contra, quero que eles se f... até em par ou impar. Mas não quero que o povo argentino se f... Uma coisa é esporte, outra coisa é a vida. É obviamente brincadeira que acho o Messi um Iranildo e que torço por terremotos na Argentina. Tem que ser meio burro pra acreditar.

(Caio Caetano)
Você se considera mais carioca do que paulista, apesar de ser de SP?

Considero-me brasileiro. E me sinto tão bem no Rio quanto em SP. Não ligo onde estou. Estando no meu país, estou em casa. Mas sim, gosto mais do ambiente do Rio do que o de SP. Sou mais simples, gosto de chinelo e praia.


(Diego Henrique de Carvalho)
De onde veio sua paixão pelo carnaval? Ela é maior que sua paixão por futebol?

É diferente. Anual, gostoso, sem rivalidade. Não sei explicar. Eu amo o carnaval como festa, como brasileiro. Pra um babaca apaixonado pelo Brasil como eu, nada pode ser mais lindo do que o morro descendo e fazendo show pra gringo aplaudir pagando em euro. É o ponto alto da inversão social. Eu adoro.

(Diego Henrique Carvalho)
Você foi um dos primeiros a investir em jornalismo esportivo na internet. Quais foram as principais mudanças no jornalismo com a criação desta nova mídia? Que aspectos dessa mudança foram positivos e quais aspectos foram negativos?

A internet é multimidia. Se você é bom de áudio, faça. De vídeo? Faça, So que é preciso ter uma dose de coragem pra fazer algo que, se não der certo, a culpa não é do diretor, da emissora, nem do câmera. É sua. 

(Diego Henrique Carvalho)
Em algumas oportunidades, você afirmou que possui vários amigos no futebol e algumas inimizades também. Como lidar com essa relação com a fonte? Até que ponto dá para “ser amigo” dela?

Sou amigo de quem eu quero. Não faço nenhuma restrição a minha vida pessoal por causa do jornalismo. Fonte se ganha na amizade. Então não f... com esse papo de que fonte é trabalho. Se é trabalho, qual é o interesse dela em te dar a notícia? Ou você paga ou é de interesse de ambos, então. Eu sou amigo de quem eu quiser, não dou a mínima pras regras dos caga-regras do jornalismo.

(Diego Henrique Carvalho)
Uma das suas principais características como jornalista – senão a principal – é o seu bom humor para lidar com sua profissão e, consequentemente, com futebol, tema mais constante nos seus trabalhos. E o jornalismo esportivo, em especial, possui uma tendência muito forte a se confundir, se mesclar com o entretenimento. Como você enxerga essa relação da informação com o entretenimento? Até que ponto você acredita que ela seja sadia para a prática de um bom jornalismo?

Eu não levo esporte a sério. Esporte é sério pra quem trabalha nele. Pro torcedor, e, portanto pra quem leva o esporte ao torcedor, é entretenimento. Devemos tratar dessa forma. O que faz a ESPN, por exemplo, é uma tentativa desesperada de transformar um jogo de bola numa investigação do CSI. E não é isso. Isso é o menos importante. O que vale num jogo é a paixão do torcedor e o quanto aquilo mexe com pessoas. O resto é superficial.


"[Futebol Europeu] É um aquário. Só pra olhar, não pra viver, chorar, torcer"

(Vinicius Lorenssete de Brino) Como você encara o fato de muitos jornalistas não revelarem seus times?

Normal. Eu revel,o mas uso charge. Moro na porta da Mancha Verde. Você acha que eu colocaria uma foto ali e falaria o que falo? Talvez não. Entendo quem não assume o time. Lamento por quem inventa um time pequeno pra fazer média. 

(Diego Henrique de Carvalho)
Por várias vezes, você disse que “as pessoas são muito chatas quando comentam futebol”. Qual é, então, o limite desse politicamente incorreto para lidar com esporte, mais especificamente futebol? Ou, na sua opinião, não há limite?

Não agredir pessoas de graça, não acusar sem ter provas e lembrar sempre que cada palavrinha sua contra um determinado assunto, ficará. E pode voltar contra voce amanhã. Então, cuidado com os que falam muito mal do futebol brasileiro... Eles podem precisar e ficar sem jeito de voltar atrás.

(Diego Henrique Carvalho)
Por fim, qual dica você dá para nós, estudantes de jornalismo do Leitura Esportiva (que também lidamos com a internet)?

Faça diferente. Não ofenda pessoas pra falar de futebol e não ache que pra ser bom jornalista é preciso fazer oposição, procurar pelo em ovo e criticar tudo que está a sua frente.

Nenhum comentário:

Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!

Comentários anônimos não serão mais aceitos.