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Entrevista: Marcus Duarte, diretor de marketing do Flamengo


Renda, patrocínio, campanhas publicitárias, exploração da imagem de um astro... Será que os nossos clubes já aprenderam a desenvolver esses tipos de trabalhos? Trazemos a visão de um profissional para nos dizer.


Wilson Hebert e Douglas Nunes
Rio de Janeiro/RJ


Marcus Duarte, além de trabalhar no Flamengo, trabalha
também no Instituto de Gestão e Comunicação
Quando se fala em ganho financeiro dos clubes brasileiros, é muito comum fazer uma comparação com o futebol europeu, onde as noções de marketing e publicidade já são bem mais tradicionais, graças a lógica do desenvolvimento capitalista, ocorrido há mais de séculos. Internamente, portanto, nos resta discutir se os clubes no Brasil estão seguindo os caminhos corretos para aumentar sua renda.

Especialmente neste início de 2012, pudemos ver alguns exemplos de que nem sempre esse aumento de lucro consegue sobressair. Parece não ser fácil dar o grito de independência dos patrocínios de camisa e rendas de bilheteria. Cruzeiro, Vasco e Flamengo, reconhecidamente com atraso de salários e/ou direitos de imagens são exemplos claros disso.  

Para esclarecer mais sobre o assunto, o Leitura Esportiva traz o entrevistado Marcus Duarte, diretor de marketing do clube mais popular do país, que é justamente a instituição futebolística que há mais tempo deve direito de imagem a um atleta do elenco e que ainda não possui sequer um patrocinador principal de camisa.

(Wilson Hebert) Vez ou outra aparece um representante de um grande clube brasileiro falando sobre diversas possibilidades de fonte de renda, mas continuamente nós vemos os clubes brasileiros ficando na dependência de patrocínio master, talvez Inter e Grêmio sejam exceções. Nessa última terça (31/01) vimos o presidente do Palmeiras comemorando novo contrato com a Kia Motors... Esse seria um ciclo vicioso? Porque os clubes grandes encontram tanta dificuldade para gerar receita de outras formas? 

Marcus Duarte: Tudo começa pela forma organizacional dos clubes no Brasil: sociedades privadas sem fins lucrativos. A grande maioria dos clubes brasileiros não remunera seus presidentes e vice presidentes, não visam lucro e com isso não entendem a importância de se investir em profissionais que façam a diferença, principalmente 'fora das quatro linhas'.

A ausência de visão, preparo e capacitação dos dirigentes que comandam são os primeiros problemas que encontramos rumo à diversificação de receitas. Depois disso, vemos que investir em estruturar o clube pra gerar novas receitas pode ser perigoso a curto/médio prazo, pois caso os resultados sejam ruins no futebol, o trabalho e a gestão serão criticados…

E por fim, quando há o entendimento da empresa, falta muitas vezes recursos. Compare as fontes de receitas da Europa x Brasil em relação aos tipos diferenciados de receitas.


(Bruno Muniz) O Ronaldo deu muito retorno ao Corinthians, principalmente no marketing. A esperança do presidente Andrés Sanchez era que o Adriano Imperador o substituísse no campo e nas cifras de lucro. Mas, não deu certo e ele está dando é prejuízo. Como agir nesse caso? 

MD: Neste caso específico, de um jogador problemático e que já não mostra ser tão aplicado na profissão, com várias passagens pela Europa e retornos ao Brasil, o melhor para o clube seria o término do contrato.

(Vinicius Brino) Com a ascenção do país financeiramente, se os clubes investirem pesado e corretamente no marketing, é possível se firmar como potência mundial para concorrer com os europeus?

MD: Sim! Estamos alguns anos atrás em termos de desenvolvimento. Se investirmos seriamente em marketing esportivo tanto nas entidades e clubes, como nas instituições de ensino, em breve teremos um mercado trabalhando próximo do europeu. Mas tem muito trabalho ainda a ser feito.

(Wilson Hebert) A parceria de clubes com outras empresas de marketing, como a Traffic, é uma realidade do panorama atual ou uma forma de consertar a deficiência dos clubes nas realizações de campanhas de marketing?

MD: É uma realidade que chegou para cobrir a ausência de estrutura, principalmente comercial, dos clubes. Devemos estruturar melhor os clubes para tratarem a comercialização só de projetos importantes, se tornando um canal permanente de relacionamento com o mercado, gerando negócios e novas receitas.

(Vinicius Brino) Os clubes grandes possuem inúmeras opções de marketing para investir. Mas e os clubes pequenos/médios, onde devem focar para conseguir renda com sua marca?

MD: Devem começar a fazer o básico: licenciamento, patrocínio, placas, redes sociais, material esportivo. Uma vez todas estas frentes trabalhando simultaneamente, incrementam-se promoções, eventos etc...

“Se investirmos seriamente em marketing esportivo, tanto nas entidades e clubes como nas instituições de ensino, em breve teremos um mercado trabalhando próximo do europeu”.

(Diego Henrique) Numa comparação da sua primeira passagem (2004/2005) com essa atual pelo Flamengo, o que há de evolução e retrocesso no marketing do clube?

MD: Evolução: mais negócios, um clube mais bem cuidado, mais moderno e mais fortalecido em termos de receitas.

Não chamaria de retrocesso, pois falta de planejamento e visão a longo prazo são características ainda ausentes do clube nesse meu retorno.

(Diego Henrique) Como avaliar a exploração da imagem de R10 pelo Flamengo? Boa? Ruim? E quanto ao Vagner Love, há alguma campanha engatilhada? 

MD: Fraca até o momento, pois a Traffic, que detinha os direitos de imagem do R10, não explorou todo o potencial do atleta.

(Caio Oliveira) Qual a avaliação da participação de Ronaldo Fenômeno, um ex-flamenguista declaradamente atual torcedor do Corinthians, na busca por um patrocínio master pro clube?

MD: Somos profissionais e se a 9ine trouxer bons negócios para o clube, com uma remuneração de comissão dentro dos padrões de mercado, estaremos sempre dispostos a conversar.

Marcus Duarte, segundo na foto, durante anúncio da parceria entre Flamengo e Tim

 (Wilson Hebert) Qual ou quais as vantagens a Copa de 2014 pode trazer para o futebol brasileiro do ponto de vista do marketing?

MD: Abrir mais o mercado de marketing esportivo, dando mais oportunidades de mercado para os que escolheram este caminho. Além disso, as novas arenas mudarão os padrões de qualidade dos nossos torcedores/clientes. Teremos uma evolução aguda em nosso futebol, em todos os sentidos.

(Douglas Nunes) Acha que os clubes brasileiros teriam mais a ganhar ou a perder se tivessem donos? No ponto de vista do marketing, da estrutura, da relação com outras empresas…

MD: Sou favorável ao clube privado, que tenha um ou poucos donos. Acredito que muitos dos problemas que temos hoje seriam resolvidos. Infelizmente a legislação no Brasil não estimula o clube a se tornar empresa, o que desacelera este processo de modernização.



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