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Me engana que eu gosto...


Estreando na temporada 2012, a seleção brasileira de Mano Menezes buscava no duelo contra a Bósnia uma atuação realmente capaz de convencer seus torcedores, algo que ainda não ocorreu sob a batuta do novo treinador. 

Por Victorino Netto
Assis/SP
Futebol de Seleções

Após 90 minutos no gélido estádio de St. Gallen, o time amarelo não conseguiu nada além de mais uma vitória apertada para seu currículo. E ocupando a 7ª posição no ranking da FIFA (segundo pior desempenho de sua história, abaixo apenas da 8ª colocação em agosto de 1993, quando tal índice foi criado), fica cada vez mais difícil acreditar que estamos mesmo no "país do futebol"...

O início do confronto foi promissor, até porque seria difícil superar os tropeços na abertura da transmissão pela TV aberta. Apanhando para pronunciar o nome completo de nossos adversários, Galvão Bueno ainda colocaria o comentarista Junior em uma saia justa, além de Džeko no rival Manchester United, antes mesmo de a bola rolar. Confundindo o "Capacete" com o homônimo que começou no Vitória antes de passar por Palmeiras e São Paulo, o narrador global perdeu a chance de ficar calado e escalou ao vivo seu companheiro de emissora no único confronto entre Brasil e Bósnia até então, disputado ainda em 1996. Detalhe: o ex-lateral e meio-campista do Flamengo se aposentou três anos antes.

Previamente marcado para quarta-feira, o jogo foi antecipado a pedido dos organizadores para não coincidir com o duelo entre Argentina e Suíça, marcado para quarta-feira em Berna. A medida limitou muitos titulares a apenas um dia de descanso e com pouco tempo para treinar, a orientação inicial dos brasileiros era para administrar a posse de em um gramado castigado pelo frio. Faltando dois anos para o mundial, muitos se perguntam onde está a coerência em uma preparação que valoriza jogos na Europa, com estádios e condições climáticas que não refletem em nada a realidade de nosso país. O argumento inicial de que a atuação no Velho Continente facilitaria a liberação dos atletas junto aos clubes parece cair por terra, ainda mais em um plantel onde despontam cada vez mais jogadores que militam na liga local.

Superando todas essas adversidades, Neymar foi recompensado logo aos três minutos, quando brigou pelo lance e viu a jogada sobrar para Daniel Alves. Mostrando talento, o lateral cortou pelo meio e tocou aparentemente no vazio uma bola que se revelaria um passe milimétrico. Marcelo aproveitou a oportunidade e bateu cruzado, inaugurando a contagem para o esquadrão Canarinho. Porém, a ilusão gerada pelo começo efetivo logo se transformou em decepção. Estático, o Brasil controlava a possessão, embora apresentasse relativa dificuldade para tomar a iniciativa diante do 4-4-2 armado por Safet Sušić.


Apanhando da marcação, o time rapidamente sentiu dificuldades na criação, onde Ronaldinho Gaúcho permanecia nulo com seus passes displicentes. Aos 31 anos, o jogador que vive dos lampejos de genialidade cada vez mais raros no Flamengo se mostra longe de ser o camisa 10 que a seleção precisa para prosperar em 2014. Outro problema foram as limitações impostas a Hernanes, preso pelo lado direito do campo em uma função diferente da que costuma executar por seu clube. Não por acaso, o ex-jogador do São Paulo esteve longe de repetir as recentes atuações que tem lhe garantido crédito junto aos torcedores da Lazio.


Até mesmo o setor defensivo, considerado a principal referência da equipe, apresentou falhas preocupantes. Sem chamar a atenção, Thiago Silva foi bem sempre que exigido, mas David Luiz voltou a oscilar (como tem ocorrido no futebol inglês) enquanto o ascendente Dedé esquentava o banco de reservas. Em uma bobeada na saída de bola, o zagueiro do Chelsea ainda atrapalhou Júlio César, traído pelo quique da bola em nova falha pela seleção. E a Bósnia chegava ao empate aos 12 minutos com um chute aparentemente despretensioso de Vedad Ibišević.

Daí em diante as coisas só pioraram. A péssima arbitragem do suíço Sascha Kever permitia aos Zmajevi excessos na marcação e o futebol força logo se sobressaiu frente à apatia tupiniquim. Zvjezdan Misimović e Miralem Pjanić chegavam bem de trás na condução dos contra-ataques, enquanto Vedad Ibišević e Edin Džeko se mostravam perigosos a cada brecha oferecida (tanto nas jogadas aéreas, quanto no mano a mano). Mostrando identidade diante da indefinição brasileira, os europeus incomodavam os integrantes da "família Menezes" e o final do 1º tempo foi um alívio nesse sentido. O problema é que a etapa complementar deixaria ainda mais evidente os problemas em nosso esquema de jogo...

Como bem observou o especialista André Rocha , o desenho tático dessa terça-feira lembrou a formação "torta" dos tempos de Dunga. Pior, com Hernanes próximo a Sandro e Fernandinho, o teórico 4-2-3-1 funcionava na prática como um 4-3-2-1. Discreto, o jogador do Shakhtar não comprometeu, embora seja inferior a outras opções, como Arouca ou Ramires (de volta ao time do Chelsea, onde vive grande fase). A saída do cabeça-de-área do Tottenham (que não consegue se firmar nem mesmo em seu clube) para a entrada de Elias deu uma boa dimensão de como volantes mais inteligentes poderiam auxiliar na organização da equipe. Mas nem por isso o atleta do Sporting parece em condições de superar o rótulo de "quebra-galho" para assumir essa vaga.


A falta de inspiração que alimentou a insatisfação do torcedor durante quase todos os 90 minutos também gerou inúmeras indagações. Mesmo buscando recuperar seu espaço no Real Madrid, Kaká não seria mais indicado para conduzir o meio-campo? Sempre lembrado em momentos de crise, por que deixar Robinho de fora justamente quando o atacante vive sua melhor fase no Velho Continente? Livre das lesões, Alexandre Pato não estaria mais lapidado do que Leandro Damião para jogar com Neymar no comando do ataque? Por sorte, Mano soube se virar com o que tinha em mãos e após acertar na entrada de Elias, marcou mais três pontos com a inclusão de Ganso, Lucas e Hulk.

Durante o tempo em que esteve em campo, o santista confirmou sua recuperação e mesmo sem ser brilhante auxiliou muito mais do que Ronaldinho Gaúcho o setor de criação. As triangulações com Marcelo e Neymar fortaleceram consideravelmente o lado esquerdo, que naturalmente se tornou a alternativa mais concreta na busca pelo desempate. Enquanto isso, o meia do São Paulo procurava fazer valer seu estilo de jogo, partindo para cima dos adversários com dribles em velocidade. Apesar de uma furada bizarra em uma boa oportunidade, se sobressaiu em uma linda jogada individual que quase resultou no desempate.

Por sua vez, Hulk fez valer o mesmo vigor físico e disposição que o caracterizam no Porto, contribuindo de forma essencial para o resultado. Jogando aberto, o atacante recebeu boa bola pelo lado esquerdo aos 45 minutos e encheu o pé em um tiro cruzado que contou com a contribuição decisiva de Saša Papac para morrer no fundo das redes bósnias. Gol que definiu uma vitória suada, mas não colocou um ponto final nas indefinições brasileiras. Resta saber se Mano Menezes vai mesmo manter essa "coerência" e acreditar que o torcedor compartilha de sua vibração pelo tento salvador. Para alguém que já faz muitos críticos sentirem falta dos tempos de Dunga, nada parece impossível. A não ser a Copa do Mundo em 2014...

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