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Nosso povão, ficou fora da jogada...*


Criminalização das Organizadas fazem parte do processo de elitização do esporte


Por Caio Cidrini
Rio de Janeiro/RJ


Já tentei desmistificar aqui uma das possíveis causas do, que  muitos dizem, ser o mal que assola o nosso futebol: a violência. Pretendo agora analisar outro ramo, o qual é atribuído esse mal. De um tempo para cá, tornou-se comum atribuir a escassez de público nos estádios à violência. Violência esta, oriunda das Torcidas Organizadas(adiante Tos).

Criminalização afasta o torcedor de classes desfavorecidas
O futebol já demonstrou diversas vezes que a violência pode estar ligada a aspectos culturais e sociais. Vide a tragédia no Egito, as disputas religiosas entre os católicos do Celtic e os protestantes do Rangers e a rivalidade entre Madri, com o ditador fascista, e Barcelona, com o nacionalismo catalão. No entanto, o caso do Brasil se destaca pois o próprio governo criminaliza as TOs, que cumprem papel fundamental na história dos clubes.

É óbvio que as Organizadas geram transtornos, principalmente pela lógica mercantilizada(lógica predominante no mundo e no futebol, que possui seus prós e contras) que elas adotam. Porém, o maior número dos seus componentes não retratam a realidade passada pelos poderosos da mídia e Estado. A violência existe nessas organizações, com muitos indivíduos que estão ali pelo simples fato de se defrontarem, não por amor a instituição. 

A questão precisa ser tratada na justiça e pela polícia, mas não pode ser associada a cerveja ou toda uma Organizada. Precisamos de atitudes efetivas contra os marginais presentes e arruaceiros, porém não podemos acreditar na criminalização que andam pregando. É simples, a criminalização busca afastar os torcedores de camadas populares do espetáculo. Cada vez mais, nossas leis, estatutos e opinião divulgadas na mídia elitizam o futebol. 

Vemos isso no investimento em estádios-shoppings, na extinção das arquibancadas e gerais, enfim, não é uma defesa as TOs. É uma defesa aos interesses populares e culturais do nosso esporte, os quais possibilitaram o futebol ser o que é atualmente. Os torcedores organizados precisam rever seus estatutos, projetos e lógicas a fim de não serem dizimados pelos privilegiados, já que os preços de ingressos e condições de transporte público já afastam os populares não organizados. A questão a ser pensada adiante é: é possível profissionalizar sem mercantilizar?


*Trecho do samba-enredo da São Clemente de 1990

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