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A maior tecnologia ainda é a nossa própria memória


Ninguém tira da gente a percepção do momento, seja qual for a época da história

Daniel Junior - @dcostajunior
Rio de Janeiro/RJ 

Fla6.blogspot.com
Pelos idos de 84/85 a curtição de quem curtia rock nacional, era aguardar o lançamento de um disco de qualquer banda, comprar a bolacha (nome carinhoso dado ao LP, ou long-play se preferir), levar até a casa de um amigo e degustá-lo. Faixa a faixa, observando o encarte, percebendo as letras e reconhecendo o single que tocara no rádio. Podia ser uma banda com letras divertidas (com uma ironia sofisticada) ou mesmo as que se levavam mais a sério. Podia ser apenas para se distrair ou mesmo para se apaixonar; se não, para intensificar aquela fossa e não me refiro a uma instalação hidráulica urbana exposta.

Ir ao cinema na década de 80 era mais que uma diversão, era uma resenha que serviria por dias, meses e décadas. Para um filme passar na TV, após a exibição na telona, demorava muito e, ficava quase como um fato “histórico” a exibição de um mesmo filme por anos a fio. Por isso é traumático para quem tem mais de 30, quantas vezes passou “Lagoa Azul”, “Admiradora Secreta”, “Porks”, “Te Pego Lá Fora” e tantos outros que foram produzidos, em uma época que falar de turmas e colégio, era o melhor roteiro escolhido para crianças/adolescentes.

O futebol nacional era tão superior ao produzido fora dos eixos sul-americanos e europeus, que o conhecimento que tínhamos a respeito do que acontecia em times como, por exemplo, o Benfica (dos nossos irmãos lusitanos) era reduzido à zero. Uma nota ou outra no jornal, quando envolvia a negociação de um jogador brasileiro, um título importante ou coisa parecida. Títulos como UEFA CHAMPIONS LEAGUE, EUROCOPA, JANELA NO MEIO DO ANO, eram totalmente desconhecidos para um moleque de 10 a 13 anos que se amarrava em futebol. Tudo que ele poderia conhecer estava restrito ao que ele assistia no Globo Esporte (sim, o programa é “secular) ou filava do jornal do pai ou mesmo dos álbuns de figurinhas. Aliás, os álbuns eram mais fiéis, pois as contratações aconteciam em menor escala, pois mesmo os clubes, não viviam uma situação abastada financeiramente; o número de patrocinadores era reduzido e as transações internacionais bastante reduzidas.

Passados quase 30 anos, vivemos uma revolução no que diz respeito à informação. É possível ter um disco muito tempo antes do lançamento oficial. Sem encarte, sem informação, sem capa. Degustar não seria bem o verbo utilizado nos ouvidos de quem ouve e está pronto a baixar outro disco de outra banda, que ainda também “não saiu”, com todas as aspas. Em pouco tempo, o disco fica velho, antes mesmo de estar novo na mão de quem curte o artista.

Um filme pode ser conseguido em minutos, com qualidade melhor do que muitos filmes que eu assisti, por exemplo, como “Superman”. As formas de adquirir uma cópia ficam literalmente por conta da sua criatividade e banda larga, inclusive no idioma que você quiser. Mal estamos assistindo o primeiro filme de uma franquia e já estamos esperando a continuação, porque filme sem continuação, para muitos, não é digno de ser entretenimento. Diversão é aquela que não tem fim, dirá o ‘moleque’ de hoje.

... E no futebol a coisa mudou muito. Para se ter uma idéia, alguns especialistas dizem que um jornal de hoje (não importa a mídia) tem mais informação do que toda a evolução adquirida em um período de 100 anos na Idade Média, ou seja, o conhecimento adquirido por qualquer pessoa nos dias atuais, não importa a faixa etária, não é um conhecimento tolo e vazio. Os consoles de vídeo-game foram responsáveis por uma integração, por exemplo, que nenhum outro entretenimento foi capaz de agregar. Podemos conhecer pessoas com até 20 anos, que sabe histórias completas sobre o Chelsea, com dados, estatísticas, jogos inesquecíveis, nome dos presidentes, nome de estádio, títulos inesquecíveis e derrotas semelhantes...

Pode ser que alguém ache tudo isso tolo, mas, informação e conhecimento estão por aí como poeira. Para se ter uma ideia, cabia apenas o presente recorrente no armário de roupas de um torcedor do Flamengo, ou seja, aquele uniforme do Flamengo, clássico, de faixas largas, parecia ser eterno. O torcedor rubro-negro do século XXI pode ter essa camisa, a camisa de hoje e o lançamento retrô de 1945, ou seja, ele tem passado, presente e o “futuro” em suas mãos, impensável para quem sabia seu time de cór e se dava por satisfeito.

A curiosidade fica por conta de que o prazer ainda é o mesmo. Os caminhos e meios podem ter sido transformados, mas o prazer e o frio na barriga de ver sua banda tocar num estádio, assistir um filme com seu ator preferido ou ver a final do seu time ainda estão entre aquelas sensações indescritíveis e que ficam anos e anos ruminando dentro da gente e que acabam virando histórias (e algumas estórias) para gerações vindouras. Um dia elas podem ser lidas no jornal, em um blog, num tablet ou mesmo na mesa de um bar.

Não importam os meios, a sensação fica e jamais será esquecida.

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