health

[automobilismo] [bleft]

Technology

[futebol][bsummary]

business posts

[futebol][twocolumns]

Guia CBF Parte 4 - Declarações polêmicas sobre Ricardo Teixeira



Vinte e três anos e dois meses no poder da entidade que comanda o futebol brasileiro não é pouca coisa, e todo esse tempo rendeu inúmeras frases polêmicas a seu respeito.

Diego Henrique de Carvalho e Vinicius Brino
Taboão da Serra e Ribeirão Preto-SP

Foto: TV Folha
"Falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Se Ricardo Teixeira fosse adepto desse dito popular, estaria feito na vida, pois declarações a seu favor e, principalmente, contra, não faltaram durante seu longo mandato à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em 23 anos e dois meses no poder, Teixeira acumulou inúmeros inimigos no mundo da bola. Mas seus desafetos não se limitam a esse mundo. 

Após declarações polêmicas de RT dadas à Revista Piauí, na qual alegou que poderia “cagar de montão” na Copa do Mundo, pois sairia da CBF no ano seguinte, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que foi um dos atacados pelo ex-presidente, disse que “realmente Ricardo Teixeira vai sair da CBF em 2015, mas o seu destino mais provável não será sua mansão em Piraí ou Angra dos Reis ou os Estados Unidos. Será uma cela no sistema penitenciário. Se isso não acontecer, será a desmoralização total da justiça brasileira e dos órgãos de investigação".

Na mesma época, o deputado Romário (PSB-RJ) não quis se comprometer ao falar de Ricardo Teixeira. "Não vou falar nada enquanto não averiguar a veracidade dessas palavras. Já passei por isso. Falei muitas coisas e fui interpretado de forma diferente".  

Mas, depois da saída de RT do cargo de presidente da entidade, as palavras foram outras. "Hoje podemos comemorar. Exterminamos um câncer do futebol brasileiro. Finalmente, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF. Espero que o novo presidente, José Maria Marin, que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa SP Jr., não faça daquele ato uma constante na CBF. Senão, teremos de exterminar a AIDS também (...). Não só acredito, mas também espero, que uma limpeza geral seja feita na CBF".

Foto: Agência Brasil
E as declarações de Romário não pararam por aí. À Rede Record, ele reafirmou sua posição quanto a Teixeira e à CBF. “Ele, para o bem da nação, resolveu por conta própria renunciar, porque diferentemente disso, não teríamos esse prazer de vê-lo fora da CBF, que hoje é uma entidade totalmente desacreditada, metida em corrupção, em falcatruas, e isso dá uma ‘descredibilidade’ muito grande ao futebol brasileiro”.

Romário também se mostrou contrário a José Maria Marin, sucessor de Teixeira. "Sai uma pessoa com uma credibilidade duvidosa e entra outra pior. O Ricardo já deveria ter saído há algum tempo, mas o comando do futebol brasileiro não pode ser feito desta maneira".

O jornalista Gian Oddi analisou as mudanças que acontecerão na política da CBF. “A troca de Teixeira por Marin no mínimo desarticula, quebra alianças e gera discórdia na busca pelo (novo) poder. Só por isso o futebol brasileiro já tem motivos para comemorar”. O também jornalista Vitor Birner exaltou a pressão exercida pelas manifestações nas ruas, nas redes sociais e na imprensa. “A indignação de quem ama o futebol nacional e não suportava mais a situação, fez a pressão necessária para ele cair”.

A renúncia do mandatário que se perpetuou no poder durante 23 anos se tornou inevitável com as denúncias feitas pelo jornalista britânico Andrew Jennings, nas quais acusa a empresa de marketing ISL de pagar U$ 100 mi em propina a cartolas brasileiros nos anos 1990. Porém, apesar do grande feito, Jennings não se dá por satisfeito.

“Derrubei Ricardo Teixeira, derrubei João Havelange. O próximo será o presidente Joseph Blatter”, avisou ao programa Esporte Fantástico, da Record. “Ricardo Teixeira é um dos maiores corruptos que já vi”, completou.

“O Ricardo Teixeira mais do que renunciou à CBF e ao COL, o Ricardo Teixeira fugiu do Brasil.”, acusou Juca Kfouri, jornalista que milita há mais de 20 anos pela mudança de poder no futebol brasileiro, ao mesmo programa.
Foto: TV Folha
No dia seguinte à saída de Teixeira, Juca clamou, em sua coluna na Folha de S. Paulo, para que os clubes passem a ocupar o vácuo que se deu no poder da entidade. “É a hora de os clubes chutarem a bola que a presidente Dilma Rousseff deixou quicando na área”, enfatizou.

Três dias depois, em seu espaço na coluna de esportes do mesmo jornal, outro militante da causa pediu por uma escolha popular do novo presidente, propondo “Diretas Já” na CBF.
“Não estamos falando, amigo, de uma banal virada de mesa, é a hora de uma virada geral”, afirmou o cronista e escritor Xico Sá.

Alguns dias após se manifestar contra Teixeira na Folha de S. Paulo, Juca Kfouri voltou a falar sobre o tema, em sua coluna no TV Folha, programa do jornal que vai ao ar na TV Cultura.



O estafe de Teixeira

Mas não só de críticas vive Ricardo Teixeira. Seus aliados sempre foram muitos. E poderosos. Alguns, em determinado momento, entraram em atritos com o governo brasileiro, a exemplo de Joseph Blatter, primeiro, e Jérôme Valcke, recentemente, “chutando o traseiro” do país. No entanto, no final das contas, eles sempre aliviaram a barra do "dono da bola" no Brasil.  

"No que concerne à mudança da presidência da CBF e do Comitê Organizador Local (COL), temos novas pessoas, e é uma transformação natural que acontece em todo mundo", disse o presidente da FIFA sobre a troca de comando do futebol brasileiro.

Outros chegaram a brigar, para depois se reconciliar, como é o caso de Ronaldo que, como dirigente do COL, não tem nada de fenômeno.

Em 2008, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo falou da mudança no seu relacionamento com Teixeira. "Até 2006 a gente tinha um ótimo relacionamento, e após 2006 esse relacionamento acabou (...). Algumas vezes a gente se encontrou e ele foi super frio. E também não me importa absolutamente nada ter relacionamento com uma pessoa que demonstra ter duplo caráter".

Em dezembro de 2011, entretanto, Teixeira nomeou Ronaldo como homem forte do COL, na tentativa de, ao menos por ora, esquivar-se da mira de denúncias de corrupção, que surgiam aos montes e dificultavam suas relações na FIFA e com a presidente Dilma Rousseff. "Brigo muito mais e falo coisas muito piores para minha mulher, e nem por isso deixo de amá-la", argumentou Ronaldo, ao justificar as pazes com o então presidente da CBF.

No dia que seguiu a renuncia de RT, o maior camisa 9 da história lamentou. "Lamento a saída do Ricardo Teixeira, mas temos de respeitar a decisão dele de querer cuidar da saúde e também da família. Como já conversei com o novo presidente, nós vamos discutir todos os assuntos juntos e tomar as decisões juntos também, como num colegiado", comentou R9.
Foto: TV Folha
No último domingo (18), em entrevista ao TV Folha, Ronaldo avaliou a gestão de Ricardo Teixeira como “positiva”, disse que entende estar muito cedo para a criação de uma liga dos clubes e que aceitaria o cargo de presidente da CBF (No dia seguinte, RT renunciou ao cargo de membro do Comitê Executivo da Fifa).

Outro candidato ao pleito é Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, que teria a ajuda do atual dono do cargo, Marin, para isso. Del Nero, um dos principais seguidores do Lord Teixeira, teceu seu comentário sobre a troca de comando da CBF, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, quatro dias após a renúncia de RT.
 
“Acho que nada vai mudar muito. Ricardo Teixeira fez uma brilhante administração. A CBF nunca esteve tão bem nos últimos anos. Tem despesa controlada e uma grande receita. A seleção brasileira vai bem. Há uma mudança, mas o Marin já se manifestou dizendo que vai dar continuidade ao projeto. Esperamos que ele faça isso, pois será muito bom.”

Desafeto de Del Nero e pupilo de Teixeira, Andres Sanchez chegou a colocar à disposição o cargo de diretor de seleções da CBF assim que Marin assumiu a presidência da entidade, e avisou que não aceitará ingerência. “Não vou aceitar que mexam no meu setor, no meu grupo. Se isso acontecer, saio na mesma hora”, informou ao Estado de S. Paulo.

Carlos Alberto Parreira, outro eterno amigo de RT, comentou a mudança de comando do futebol brasileiro. E o técnico do tetracampeonato mundial sequer citou as acusações de corrupção sofridas pelo ex-presidente.

"Ricardo Teixeira é um amigo. Nós nos conhecemos há muitos anos e ele me levou para a CBF. Fomos juntos campeões do mundo. O trabalho fica marcado pelos fatos positivos, vitórias, e também algumas coisas conturbadas contra ele. Havia muita pressão e prevaleceu o lado humano do Ricardo. É um homem pai de família, marido, avô e que agora está com um problema de saúde. É preciso se cuidar. As pressões eram enormes e ele resolveu dar fim a isso tudo, descansar e cuidar da vida pessoal. Cada dirigente tem a sua filosofia, preferências, e é necessário dar continuidade. Não se pode interromper o processo. O bom senso é dar continuidade."

E assim se encerrou o ciclo de Ricardo Teixeira, com ar de impunidade. Odiado pelo povo e por grande parte da imprensa. Reverenciado por seus fiéis aliados da política, da imprensa e, claro, do futebol.

Nenhum comentário:

Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!

Comentários anônimos não serão mais aceitos.