health

[automobilismo] [bleft]

Technology

[futebol][bsummary]

business posts

[futebol][twocolumns]

Entrevista - Marco de Vargas

Marco de Vargas saiu do RS para ser uma das vozes oficiais da Libertadores 2012 pelo FOX Sports.

Bruno Cassali
Porto Alegre/RS
Foto: Reprodução
"É rede!" Quem acompanha o futebol brasileiro certamente já ouviu algum gol com essa narração. Após mais de meia década de serviços prestados para a RBS TV Porto Alegre, como locutor esportivo e locutor comercial, Marco de Vargas é um dos expoentes do novo e ambicioso projeto da FOX no Brasil. Foi ele o responsável pela primeira transmissão da equipe do Fox Sports no país, no jogo entre Internacional e Once Caldas, válido pela pré-Libertadores de 2012. Nascido em Porto Alegre, Marco começou no rádio em São Paulo, mas ganhou destaque no mercado após participar da Oficina de Locutores da Globo em 2005. E nada melhor que um bate-papo com o narrador justamente no dia em que a Libertadores passa a estar disponível nas principais operadoras de TV paga do país.

- (Vinicius Lorenssete de Brino) Qual seria o ápice para um narrador esportivo? Qual foi o seu até o presente momento? E o momento mais negativo?

- Marco de Vargas - Creio que o ápice de um narrador é chegar a um patamar profissional de destaque dentro da sua profissão, e isso significa narrar eventos de ponta em grande nível, em um veículo que possa te dar suporte para tanto. O meu ápice profissional foi justamente a oportunidade de entrar para o time do Fox Sports, com eventos de extrema relevância para narrar em nível nacional e internacional. Não me recordo de um momento que possa classificar como negativo. Como em todas as profissões, existem os bons e os maus momentos, mas todos os percalços acabam ficando pra trás quando temos o espírito aberto às coisas boas que a vida tem a nos oferecer. Quando isso ocorre, transformamos um possível mau momento em mais uma ferramenta de aprendizado em busca de uma evolução pessoal.

- (Caio Spechoto) Tem algo que tu não gostou de narrar?

- MdeV - Já narrei de tudo um pouco e não posso dizer que não tenha gostado de algo. Certamente temos preferências por este ou aquele esporte, o que remete a uma facilidade maior com algumas modalidades em detrimento de outras, mas daí a não gostar de narrar tem uma grande diferença. Tenho identificação com o esporte em geral e sempre estudo com afinco aquilo que será objeto de uma futura narração.

- (Bruno Cassali) Qual foi o principal motivo que te fez mudar de empresa?

- MdeV - O desafio de entrar para um time de primeira, com eventos de ponta para transmitir foi um ponto fundamental na escolha. Inaugurar um canal de uma marca tão expressiva no Brasil é um verdadeiro prêmio profissional. Certamente que a visibilidade do projeto do Fox Sports acarreta em responsabilidades da mesma magnitude e isso é realmente instigante e motivador.

- (Wilson Hebert) Você já conhecia o trabalho que a Fox desempenha nos demais países do continente?

- MdeV - Claro. Trata-se de uma empresa líder no segmento em todos os países da América e a sua marca é reconhecida como tal em todo o continente. O Fox Sports é uma referência em transmissões esportivas e quem é do meio já conhecia e tinha ótimas impressões da marca Fox Sports bem antes da vinda do canal para o Brasil.

- (Wilson Hebert) Na sua opinião, o que a Fox pode trazer/fazer de diferente para a comunicação esportiva no Brasil?

Foto: Reprodução
- MdeV - “Diferente” é muito complexo, mas creio que o canal tem tudo para, ao longo prazo, colocar em prática a sua filosofia que é líder em diversos países, de fazer uma programação local com talento local e com a cara do povo daquele país, respeitando sua cultura e o seu gosto particular. O projeto ainda é muito incipiente e o canal certamente tem um grande potencial de crescimento e evolução, mas é preciso dar um passo de cada vez e, principalmente, dar passos na direção certa. E para isso nada melhor do que fazer tudo com calma, sem precipitação. Um dos equívocos que tenho notado por parte de uma parcela do público é a comparação com alguns dos principais concorrentes, que já estão estabelecidos no mercado há anos. O Fox Sports recém chegou ao Brasil e quer oferecer ao público brasileiro uma programação de qualidade, mas dentro do padrão Fox Sports. Aos poucos nós chegaremos lá.

- (Eduardo M. Tavares Junior) A maioria dos eventos futebolísticos que o Fox Sports tem anunciado, são de futebol internacional e o tu se notabilizou por narrar futebol gaúcho. Como será a transição para a cobertura de eventos completamente diferentes do que estava habituado?

- MdeV - Não vejo nenhum problema, pois já acompanho há muito tempo parte desses eventos como consumidor esportivo, antes mesmo de atuar na área. Além do mais, sou um estudioso do assunto e trata-se de mais um dos pontos encantadores desse grande projeto. Um ajuste aqui ou ali e lá vamos nós encarar o desafio de transmitir para um público exigente e que manja do assunto, sem dúvida.

- (Eduardo M. Tavares Junior) Nos gols do Liverpool, tu gritará "É red!"?

- MdeV - Olha, o trocadilho soa bem bacana, mas como eu faria com os outros times? Isso acabaria gerando uma ciumeira danada! Melhor ficar no “é rede!” pra todo mundo mesmo…

- (Wilson Hebert) Qual a sua opinião sobre a realização da Copa no Brasil?

- MdeV - Um grande evento, do tamanho do nosso país. Embora todos os argumentos contra que a gente vê, lê e ouve por aí, alguns até fortemente embasados, creio que é uma oportunidade de mostrar ao mundo que somos capazes. Do nosso jeito, da nossa forma peculiar, com cada qual por vezes puxando para um lado, mas ainda assim um feito brasileiro. Muitas gerações, inclusive a minha, estão carecas de ver países menos expressivos política e até mesmo economicamente, realizar eventos dessa magnitude. Trata-se de um evento importante para a marca Brasil. Alguns dirão que é dinheiro jogado fora, que o legado será terrível e etc. Bem, não se pode fazer omelete sem quebrar os ovos. Se fizermos, criticarão. Se não fizermos, idem. Então façamos, ora.

- (Wilson Hebert) Como você vê o futebol brasileiro atualmente? Em qual ponto nós devemos mais ao futebol europeu?

- MdeV - Vejo o futebol brasileiro como um misto de profissionalismo e amadorismo. Alguns clubes já perceberam que o caminho para a profissionalização ou a bancarrota é inevitável e estão se mexendo, mesmo que tardiamente. Outros, ao que parece, pararam no tempo e tendem a enfrentar problemas sérios ali na frente, se já não os estão enfrentando. Por conta desse modelo semi-profissional que impera no futebol brasileiro em geral, nossos jogadores, em sua maioria, enfrentam grandes dificuldades na Europa e isso é reflexo do nosso modelo paternalista de lidar com o meio. E reside aí, nesse limbo entre os dois modelos, o nosso calcanhar-de-aquiles com relação aos gringos. Eles estão anos-luz na frente como modelo de gestão, marketing e planejamento. Tratam o esporte como um negócio, enquanto que o Brasil ainda vê o futebol aenas como diversão ou trampolim político.

- (Bruno Cassali) Qual foi sua maior alegria na carreira até o momento?

- MdeV - Tive várias. Mas certamente a minha maior alegria foi ter a oportunidade de ingressar na carreira. Lembro como se fosse hoje o dia da minha primeira transmissão por uma emissora de rádio. Era a realização de um sonho infantil estar ali, empunhando um microfone e falando com paixão de algo que sempre foi apaixonante para mim. Fazer aquilo que amamos certamente não tem preço e o início na profissão marcou demais a minha trajetória.

- (Wilson Hebert) Já pagou algum mico?

- MdeV - Vários. Já engasguei na frente da câmera, já me intoxiquei com fumaça de cigarro ao vivo, já narrei dublando outro colega que por sua vez dublava um primeiro… Só quem está na chuva pode dizer que ela molha mesmo. Mas guardo com carinho todas as lembranças da profissão, mesmo aquelas não tão agradáveis.

- (Wilson Hebert) E o que dizer para os jovens que pretendem entrar na carreira de jornalista esportivo (ou da comunicação, de modo mais geral), como nós da Leitura Esportiva?

- MdeV - Tenham a certeza de que não é uma profissão fácil, mas é uma das mais apaixonantes que existem. Leiam, estudem, entendam muito daquilo que vocês se propuserem a cobrir. Saibam que o seu público tem no mínimo o mesmo conhecimento que vocês e jamais tentem menosprezá-lo. Ouçam e aprendam com os mais experientes, mesmo que não seja conveniente seguir os mesmos passos. Sejam ousados porém cautelosos, saibam que um sim por vezes é não e vice-versa. E, sobretudo, sejam autênticos, por mais que isso pareça piegas. O mundo precisa de originalidade e criatividade, mas não faça nada que venha a ferir a sua integridade pessoal e os seus princípios. Sejam vocês, sempre.

3 comentários:

  1. Fantástico!

    Pelo pouco de mensagem que já troquei com o Marco de Vargas e lendo suas respostas nesta entrevista, já deu pra perceber que se trata de uma grande pessoa.

    ResponderExcluir

Seja bem vindo ao Leitura Esportiva. Seu comentário é bastante importante para nós!

Comentários anônimos não serão mais aceitos.