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Racismo em pauta


Como a mancha mais vergonhosa do futebol mundial precisa de ações e exemplos mais rigorosos caso queiramos ter alguma chance de vencer essa guerra.

Luiz Guilherme de Almeida
Belo Horizonte - MG

Foto:http://cdn.bleacherreport.net                                
Ponha-se, que seja por um instante, nos lugares de jogadores como Juan, Roberto Carlos, Evra, Eto’o, Cissé e vários outros. Imagina-se muitas das alegrias que o futebol pode proporcionar na vida, como dinheiro ou fama. Por outro lado, imagine-se sendo insultado por milhares de torcedores, tendo você ao centro, num campo de futebol. E o pior de tudo, sendo julgado pela cor da sua pele,  por sua crença ou cultura.

Casos de racismo mancham o esporte mais praticado do mundo. Que o futebol transitou e ainda transita pela política, ideologias e questões culturais já sabemos desde sempre. Os aspectos antropológicos e sociológicos envoltos no esporte são o que o caracteriza como único. Entretanto, nesse trânsito certas pessoas acreditam serem dignas de julgar as outras e acabam por carregar consigo todo um ranço de mediocridade para os estádios. Misturam suas convicções boçais, extraídas de práticas ainda mais pestilentes que circulam pela nossa sociedade, até hoje. E nessa leva nojenta entra o racismo, cada vez mais presente no futebol, acompanhando o crescimento de movimentos políticos e ideológicos ultraconservadores. Os agressores  tem ficado sem punição, com algumas meras exceções. Inúmeros casos não param de surgir nesses últimos anos, envolvendo os mais diversos contextos, clubes, torcidas e jogadores. Da absurda prática de lançar cascas de banana aos jogadores, das saudações e cânticos de cunho extremista. Todo esse tipo de manifestação racista precisa ser punida.

Mas o que temos visto ser feito para coibir, banir e principalmente, punir tamanha vergonha? Pouco, pode ser feito mais. Entidades como a FIFA, UEFA, respectivas federações  realizam campanhas contra o racismo em suas esferas. Julgam e suspendem jogadores em certos casos. Mas tudo isso tem sido provado que é muito pouco ainda. A reincidência dos casos passou a ser assunto batido e o pior, passa-se a banalizar a prática do racismo uma vez que não existem punições  mais severas. 

Não escrevo aqui que detenho a fórmula mágica que vai erradicar o racismo dos campos, da sociedade. Oxalá. Mas é alarmante que pouco esteja sendo feito de fato. Providências precisam ser tomadas por aqueles que são os responsáveis.

Em 2006, a FIFA emitiu um comunicado, inciso na nova redação do artigo 55 do Código Disciplinar, que "um agente ou espectador (de um jogo) que assuma uma atitude discriminatória ou de desdém susceptível de ser atribuída a uma determinada equipe, poderá custar três pontos na primeira ofensa, seis na segunda e a despromoção nas outras...".  Entretanto, sabemos que isso não tem sido cumprido de acordo, transcedendo para o lado individual dos atletas agora.

Declarações como as de Joseph Blatter, comandante da FIFA, de que o combate ao racismo pode ser resolvido dentro de campo, entre apertos de mãos causou polêmica algum tempo atrás pelo fato de não ser uma questão tão simples assim. A repercussão retrata bem a atual situação. As entidades promovem campanhas de combate, mas tem deixado de lado fator pontual, que seria uma forma de punição mais firme para tais casos.

Apesar de saber distinguir que o clube em si não é o responsável direto na maioria dos casos, sou da ala que defende uma punição exemplar àquelas equipes em que, tanto jogadores, como torcida ou quem quer que esteja ligado aos mesmos, cometam atos de cunho discriminatório. Perda de pontos e mandos de partidas, sanções econômicas, suspensões de jogadores, multas pesadas, etc. São várias as formas de punição. Em relação aos pseudo-torcedores que infestam os campos,  parlamentares europeus querem que os violentos ou racistas sejam identificados e banidos de todos os países do continente, com a proibição de frequentarem eventos esportivos além de arcarem judicialmente com seus atos, e que os Estados-membros da União Europeia (UE) e as federações esportivas de suas nações adotem uma política mais decisiva contra episódios de racismo e homofobia contra os atletas. Quanto aos jogadores, que também punições sirvam de exemplo se comprovados tais atos dentro de campo. Suspensões pesadas , multas e processos os ajudariam a pensar duas vezes antes de agir. Pode parecer bastante radical, mas acredito que  apenas sentindo verdadeiramente  “na pele” é que tanto jogadores e torcedores irão conseguir mensurar o mal que praticam, prejudicando seus clubes e seleções.

Dentro do continente europeu,  algumas áreas são consideradas mais problemáticas e demandam vigor total  na coibição e punição para atitudes racistas. Países do leste europeu – em especial Rússia, Ucrânia, Sérvia -  alguns clubes da Itália –  como a Lazio -  e os recentes casos ingleses demonstram uma triste realidade. O racismo não é característica de um povo apenas, ele tem se alastrado por todos os cantos do futebol. Conscientes do tamanho do problema, FIFA e UEFA tentam agir de algumas formas. Como exemplo. a campanha que visa eliminar o racismo e a discriminação do futebol vai ter uma enorme visibilidade durante a UEFA EURO 2012, na Polónia e na Ucrânia.

O programa “Respeite a Diversidade” vai ser implementado com a cooperação do parceiro de longa data da UEFA, a rede pan-europeia Futebol Contra o Racismo na Europa (FARE), e ainda a sua organização afiliada do Leste da Europa, Never Again. Vai promover a mensagem positiva da diversidade através de várias iniciativas antes e depois do torneio.
Um aspecto fundamental desta iniciativa será a vigilância realizada pela Never Again dos cânticos e símbolos racistas ou discriminatórios. Estas atividades de monitoramento têm sido um aspecto importante do trabalho da FARE nas últimas grandes competições internacionais. Os monitores vão utilizar a sua experiência de cultura e comportamento dos torcedores para detectar cânticos racistas, exibição de bandeiras ou tarjas de extrema-direita e outros exemplos explícitos de ações discriminatórias. Também irão acompanhar as redes de torcidas de forma a determinar se é provável acontecer ou se está planejado algum  incidente para um determinado jogo.

Tratado como chaga social, o racismo não pode ser mais tolerado. Dentro de uma esfera muito menor do que as outras da sociedade, como é a comunidade esportiva, ainda podemos manter o controle e erradicar essa marca tão triste e vergonhosa. O futebol que une os povos não pode de maneira nenhuma perder essa batalha e deixar-se segregar. Não condiz com a beleza do esporte. Ações firmes tendem a produzir algum retorno quando bem aplicadas e dessa forma esperamos que não apenas fiquemos no papel, com campanhas aleatórias ou algumas faixas aqui e acolá. Que haja punição, que surjam exemplos e que a sociedade como um todo possa enxergar o quanto ela precisa agir diante dessa ameaça.

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